O ditador da Venezuela, Nicolás Maduro, foi classificado pela Assembleia Legislativa de Buenos Aires como persona non grata na Argentina devido às graves violações de direitos humanos contra cidadãos venezuelanos.
A resolução de iniciativa de Claudio Romero e Emmanuel Ferrario, ambos do partido Proposta Republicana (Pro), foi aprovada pela maioria dos membros da Câmara Municipal da capital argentina.
Romero declarou: “Em Buenos Aires, não vamos tolerar ditadores ou indivíduos que infrinjam os direitos humanos, que perpetrem barbáries sob a bandeira de uma revolução fictícia e que empreguem a tortura como instrumento de governança.”
Elisa Trota, secretária-geral do Fórum Argentino para a Defesa da Democracia (FADD), e ex-embaixadora da presidência interina de Juan Guaidó na Argentina, celebrou a decisão como uma forte mensagem de apoio aos mais de 220 mil venezuelanos que buscaram refúgio na Argentina devido à crise em seu país.
“Os autocratas, como Maduro, devem saber que os seus crimes não ficarão impunes e que o mundo não é o seu quintal para andar por aí com as mãos manchadas de sangue. Com esta resolução, a cidade de Buenos Aires reafirma os seus princípios em defesa da liberdade, da democracia e dos direitos humanos e reforça a promessa de ‘nunca mais’ ditaduras, não apenas na Argentina, mas em toda a nossa região latino-americana.” disse Trotta.
Por fim, ela descreveu o regime venezuelano como uma “ditadura criminosa que persegue, prende, tortura e mata” seus cidadãos, e criticou o silêncio dos setores políticos de esquerda e do kirchnerismo que ignoram a situação dramática no país caribenho.
ONU já denunciou Maduro por crimes contra a humanidade
Declarado persona non grata pelo Legislativo da capital argentina, Nicolás Maduro, que mantém relações amistosas com o governo brasileiro liderado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), foi acusado pela Organização das Nações Unidas (ONU) de cometer crimes contra a humanidade.
Em um relatório publicado em setembro de 2022, a ONU relata torturas físicas e psicológicas e violência sexual. Em 2020, o grupo de trabalho Missão Internacional Independente dos Fatos já havia alertado para a prática sistemática de tortura e execuções sumárias no país desde 2014.
“Nossas investigações e análises mostram que o Estado venezuelano conta com os serviços de inteligência e seus agentes para reprimir a dissidência no país”, disse à época Marta Valiñas, presidente da missão da ONU.
Em maio deste ano, Maduro afirmou que líderes como o presidente da Argentina, Javier Milei, querem transformar a América Latina em colônias.
“Eu sinto muita vergonha quando vejo uma pessoa como o (Javier) Milei, dizendo ‘Yes, Sir’ cada vez que se encontra com a general Richardson, comandante do Comando Sul. Se disfarça de militar para dizer ‘Yes, Sir’”, disse o ditador venezuelano.