O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, pediu aos líderes da América do Sul que não “tapem o sol com a peneira” em relação à situação dos direitos humanos na Venezuela, no âmbito da cúpula regional realizada nesta terça-feira (30) em Brasília.
A reunião, convocada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, também contou com a presença dos chefes de Estado de Argentina (Alberto Fernández), Bolívia (Luis Arce), Chile (Gabriel Boric), Colômbia (Gustavo Petro), Equador (Guillermo Lasso), Guiana (Irfaan Ali), Paraguai (Mario Abdo Benítez), Suriname (Chan Santokhi) e Venezuela (Nicolás Maduro).
Embora o encontro seja realizado a portas fechadas e não haja transmissão oficial, as declarações de Lacalle Pou foram feitas em um vídeo publicado na internet, cuja veracidade foi confirmada à Agência EFE pela Presidência do Uruguai.
Lacalle Pou chegou a fazer alusão à reunião bilateral que Lula teve na segunda-feira com o ditador venezuelano Nicolás Maduro, na qual o presidente brasileiro descreveu como “narrativas” as críticas sobre a falta de garantias democráticas ou violações dos direitos humanos na Venezuela.
“Essa reunião foi precedida, não sei se foi planejada ou não, por uma reunião entre Brasil e Venezuela. Fiquei surpreso quando eles falaram sobre o que está acontecendo na Venezuela como uma narrativa”, disse Lacalle na frente dos outros líderes.
De acordo com o presidente uruguaio, “se há tantos grupos no mundo tentando negociar para que a democracia seja plena na Venezuela e para que os direitos humanos sejam respeitados, para que não haja prisioneiros políticos, a pior coisa que podemos fazer é tapar o sol com a peneira”.
Lacalle Pou explicou que o Uruguai mantém relações diplomáticas com a Venezuela e tem um embaixador em Caracas, mas garantiu que a “afinidade dos uruguaios é com o povo venezuelano”.
Ele enfatizou que não está em suas mãos “eleger um governo”, mas que tem “a possibilidade de opinar”, após o que questionou um dos pontos de uma declaração conjunta que está sendo negociada na cúpula em Brasília.
De acordo com Lacalle Pou, a declaração “fala de democracia, de direitos humanos e de festejar as instituições”, mas, do seu ponto de vista, não reflete a situação venezuelana.
“Obviamente, não temos a mesma definição, que acredito ser a da Real Academia Espanhola, sobre o que é respeito às instituições, direitos humanos e democracia”, disse o presidente uruguaio no vídeo.
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