Aos 61 anos, Keir Starmer foi eleito primeiro-ministro do Reino Unido na quinta-feira (4). Atuando como líder do Partido Trabalhista desde 2020 e apresentando um perfil distante do antecessor Jeremy Corbyn, socialista mais radical, ele conseguiu levar seu partido ao poder.
Starmer, por outro lado, tem uma trajetória mais cuidadosa e menos explícita em suas ideias, o que o fez herdar os votos desgostosos dos britânicos, embora suas raízes políticas estejam profundamente ligadas ao socialismo e ao trotskismo.
Formação e carreira inicial
Nascido em 2 de setembro de 1962, Keir Starmer foi educado na Universidade de Leeds e na Universidade de Oxford, onde estudou direito.
Sua carreira jurídica foi notável, atuando como diretor da Promotoria Pública (DPP) de 2008 a 2013.
Envolvimento com o trotskismo e socialismo
Antes de entrar para a política, Starmer era editor de uma revista trotskista chamada Socialist Alternatives. Esta fase da sua vida frequentemente é utilizada por críticos para questionar suas verdadeiras convicções políticas.
O trotskismo, uma corrente marxista baseada nas ideias de Leon Trotsky, defende a revolução permanente e a luta de classes internacional. Embora Starmer tenha se distanciado dessas ideologias mais extremas ao longo dos anos, ele permaneceu ligado com ideais do Partido Trabalhista, a principal esquerda política do Reino Unido.
Liderança do Partido Trabalhista
Ao assumir a liderança do Partido Trabalhista, Starmer enfrentou a difícil tarefa de unificar um partido profundamente dividido após a era Corbyn. Ele se apresentou como uma alternativa moderada, comprometida com a justiça social, mas também com a responsabilidade fiscal. Sua postura foi fundamental para reconquistar eleitores que haviam se afastado do partido devido às percepções do radicalismo de Corbyn.
Agenda política e reformas
Starmer se comprometeu com uma série de reformas internas no Partido Trabalhista, incluindo uma abordagem mais firme contra o antissemitismo, que havia manchado a reputação do partido nos anos anteriores. Ele também focou em questões como saúde, educação, energia limpa e segurança pública, propondo políticas que visam tanto o crescimento econômico quanto a justiça social.
Desafios e críticas
Apesar de suas conquistas, Starmer não está isento de críticas. Alguns membros da ala esquerda do Partido Trabalhista o acusam de trair os princípios socialistas ao adotar uma abordagem mais centrista.
Além disso, sua ligação anterior com o trotskismo é frequentemente usada por adversários políticos para questionar sua sinceridade e agenda política. Críticos também apontam para suas posições anteriores contra o Brexit e sua postura antimonarquista, que, embora suavizadas, ainda causam desconforto entre certos segmentos do eleitorado britânico. Ele agora deve ter uma reunião por semana com o rei Charles III.
Impacto eleitoral e futuro político
Starmer conseguiu liderar o Partido Trabalhista a uma vitória histórica nas eleições de 2024, pondo fim a 14 anos de governo conservador.
Apesar da vitória ser vista como um retorno à política de esquerda no Reino Unido, a BBC, principal rede de televisão inglesa, destacou que o resultado de Keir não significa um apoio às suas ideias, mas a manifestação da insatisfação com o Partido Conservador, considerado pela mídia como de centro-direita.