Juizes que descriminalizaram o aborto na Colômbia são declarados alvos militares

Na ameaça, o grupo paramilitar indica que já identificou as residências dos juízes

08/03/2022 19:27 Atualizado: 08/03/2022 19:27

Por Agência EFE

Os juízes do Tribunal Constitucional colombiano que votaram a favor da descriminalização aborto até 24 semanas receberam uma ameaça de morte da organização paramilitar Águilas Negras, ligada ao tráfico de drogas, que os declarou um “alvo militar”, de acordo com o que veio ao conhecimento na segunda-feira.

O comunicado, publicado pela mídia local, é uma ameaça aos juízes Antonio José Lizarazo, José Fernando Reyes, Diana Fajardo, Alberto Rojas e Julio Ossa, que votaram a favor da descriminalização do aborto até seis meses no dia 20 de fevereiro.

“Não são ameaças ou brincadeiras, mas quando combatemos a primeira, o que foi prometido se verifica. Você gostaria que sua mãe tivesse abortado você aos seis meses de gestação? (…) Eles só têm duas opções: revogar a ordem de matar crianças aos seis meses de gestação ou vamos aplicar o objetivo militar”, diz o comunicado.

Na ameaça, o grupo paramilitar indica que já identificou os locais de residência dos juízes, bem como seus familiares.

O Tribunal Constitucional colombiano aprovou no mês passado a interrupção voluntária da gravidez até 24 semanas, embora não tenha eliminado o crime do Código Penal.

A descriminalização foi aceita em sessão extraordinária por cinco votos a favor e quatro contra pelos juízes, em um processo que está atrasado há meses por entraves administrativos e impedimentos dos responsáveis ​​pela decisão.

Até agora, o aborto só era permitido na Colômbia por três motivos: quando a saúde ou a vida da mãe está em risco; quando for resultado de estupro ou incesto, ou se houver malformação do feto, enquanto nos demais casos era proibido. 

Entre para nosso canal do Telegram

Assista também: