Por Agência EFE
Londres, 7 set – A juíza britânica Vanessa Baraitser rejeitou nesta segunda-feira a solicitação de adiamento do julgamento de extradição do australiano Julian Assange para os Estados Unidos, após a defesa ter pedido mais tempo para analisar as novas acusações feitas por Washington contra o fundador do portal Wikileaks.
Assange compareceu ao tribunal de Old Bailey, em Londres, para confirmar sua identidade e se negar a ser extraditado ao território americano, onde enfrenta 18 acusações de espionagem e conspiração por intromissão informática, com a possibilidade de ser condenado a 175 anos de prisão.
Na primeira análise desta fase do julgamento – adiada em fevereiro devido à pandemia de Covid-19 – a juíza recusou o pedido da defesa de “excluir” do processo a “conduta criminosa” ou atos criminosos adicionais atribuídos ao australiano pela justiça americana em um novo auto emitido em junho e formalizado em agosto.
Baraitser também negou o pedido do advogado de defesa, Mark Summer, de adiar o julgamento até janeiro para dar tempo de avaliar as novas acusações.
O novo auto, que contém o último pedido de extradição, mantém as 18 acusações de abril de 2019, mas amplia a de intromissão, que agora contempla não só as tratativas com a ex-militar Chelsea Manning em 2010, mas também as com outras pessoas com as quais Assange teria conspirado entre 2007 e 2015 para revelar segredos no portal digital.
De acordo com o procurador Joel Smith, representando a justiça americana, o acusado colaborou com hackers como Teenager, Laurelai, Sabu e Jeremy Hammond e tentou recrutar outros para obter “os vazamentos mais procurados”.
A defesa questionou as intenções dos EUA ao apontar que alguns desses hackers foram condenados há anos no Reino Unido e nos Estados Unidos, o que permitiria que Washington fizesse essas acusações muito antes, além de algumas já estarem prescritas na legislação britânica.
A sessão desta segunda-feira contou com o depoimento da primeira testemunha da defesa, o historiador de jornalismo Mark Feldstein, da Universidade de Maryland, que apoiou a tese de que as acusações contra Assange têm “motivações políticas”.
Feldstein afirmou que, embora seja “pouco ortodoxo”, Assange é um editor protegido pelas cláusulas da Constituição dos EUA sobre a liberdade de imprensa e expressão, embora o governo de Donald Trump tenha indicado que a regra não se aplica a estrangeiros.
“Ele publicou informação verídica e importante que expôs atos ilegais e antiéticos do governo americano”, declarou o acadêmico por videoconferência. Segundo Feldstein, “nunca antes” um governo acusou de espionagem o responsável por uma publicação de informação classificada.
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