Um juiz argentino solicitou a captura internacional de quatro libaneses suspeitos de terem ligações com o ataque à sede da Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA) em Buenos Aires, que em 1994 deixou 85 mortos e continua impune, confirmaram nesta quinta-feira à Agência EFE fontes jurídicas.
Especificamente, o juiz federal Daniel Rafecas solicitou a prisão de Samuel Salman El Reda, também supostamente ligado ao ataque de 1992 contra a Embaixada de Israel na Argentina, no qual morreram 29 pessoas, e outros três suspeitos.
Há um ano, o mesmo magistrado renovou o pedido à Interpol para manter os alertas vermelhos em vigor por mais cinco anos com o objetivo de prender cinco iranianos acusados do ataque à Amia.
Tanto a comunidade judaica na Argentina quanto a Justiça responsabilizam integrantes do então governo iraniano e do partido libanês Hezbollah pelo ataque à AMIA, o maior atentado cometido em solo argentino.
Logo após o ataque à associação, dedicada a promover o bem-estar social da comunidade judaica no país, o juiz e promotores do caso estabeleceram que foi cometido com uma caminhonete e apontaram como responsáveis a República Islâmica do Irã e o Hezbollah, com o apoio de uma “conexão local”.
No entanto, desde o início o caso foi cheio de irregularidades: em 2001, iniciou-se um julgamento que concluído em 2004 com a declaração de nulidade de toda a investigação e a absolvição dos policiais argentinos acusados de integrar essa “conexão local”.
Em 2006, a Justiça declarou foragidos nove cidadãos iranianos, incluindo o ex-presidente Hashemi Rafsanjani – falecido em janeiro de 2017 -, acusado de cumplicidade no ataque.
Mas esse país nunca colaborou para extraditá-los.
Em 18 de janeiro de 2015, o promotor especial encarregado do caso, Alberto Nisman, foi encontrado morto com um tiro na cabeça – em circunstâncias que ainda estão sendo investigadas – apenas quatro dias depois de acusar a então presidente Cristina Kirchner de ter tentado encobrir os réus através de um acordo com o Irã assinado em 2013.
A atual vice-presidente insiste que este acordo visava apenas estabelecer uma investigação bilateral conjunta do ataque.
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