Jornal mais antigo do mundo em circulação é publicado pela última vez na Áustria

Por Agência Brasil
30/06/2023 18:43 Atualizado: 30/06/2023 18:43

O “Wiener Zeitung”, fundado em 1703 e considerado o jornal mais antigo do mundo ainda em circulação, publicou nesta sexta-feira sua última edição impressa para seguir em formato digital, após um grande corte de funcionários.

“116.840 dias, 3.839 meses, 320 anos, 12 presidentes, dez imperadores, duas repúblicas, um jornal”, relata o “Wiener Zeitung” sobre sua história, na sua última primeira página.

O jornal, que foi publicado pela primeira vez em 1703, com o nome de “Wiennerisches Diarium” – e rebatizado para “Wiener Zeitung” em 1780 -, foi testemunha de revoluções, da queda de impérios europeus, entre eles o austro-húngaro, e duas guerras mundiais.

A publicação foi nacionalizada pelo imperador Francisco José I da Áustria, em 1857 e se tornou o Diário Oficial do país, o que, até agora, garantiu a maior parte de suas receitas.

Além da publicação do Diário como suplemento, o jornal existia como um veículo a mais, com independência editorial do governo.

Esse papel como Diário Oficial foi criticado por alguns empresários, obrigados legalmente a publicar alguns anúncios na publicação, como assembleias de acionistas e mudanças de registros comerciais, o que era visto por outros veículos como concorrência desleal.

O papel de Diário Oficial será feito agora através de uma plataforma digital desenvolvida especialmente para esse fim.

O governo da Áustria justifica as mudanças à aplicação de uma norma comunitária que exige a unificação na internet das propagandas públicas.

A diretoria do jornal, as associações de imprensa e a oposição social-democrata criticaram firmemente a decisão, já que sem ajuda do governo, o jornal desaparece no formato atual.

As rotativas que imprimem a publicação foram acionadas pela última vez na noite dessa quinta-feira, diante dos olhares de vários redatores e diretores do jornal.

Thomas Seifert, redator-chefe da editoria Internacional, que dirigiu interinamente a publicação nos últimos meses, descreveu a decisão do governo como um ato de vandalismo de “bárbaros incultos”, segundo publica a agência de notícias local “APA”.

A tiragem da última edição foi de 50 mil exemplares, muito acima dos 20 mil habituais de um dia útil.

As mudanças representam a demissão de 63 pessoas, entre os quais 25 jornalistas. A nova redação digital contará com apenas 20 pessoas.

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