Jean-Marie Le Pen, fundador da Frente Nacional e uma das figuras mais emblemáticas da direita francesa, faleceu nesta terça-feira (7), aos 96 anos, em um hospital na região de Paris, onde estava internado há algumas semanas.
A morte foi confirmada por sua família, que emitiu um comunicado à agência France Presse.
“Jean-Marie Le Pen, cercado pelos seus familiares e amigos, partiu para Deus às 12h (8h em Brasília) de terça-feira”, disse a nota.
Com uma trajetória política que durou mais de cinco décadas, Le Pen se tornou uma das figuras centrais do nacionalismo francês.
Iniciou sua carreira em 1956 e manteve-se ativo até sua aposentadoria em 2019.
O ponto alto de sua trajetória ocorreu em 2002, quando chegou ao segundo turno das eleições presidenciais, onde foi derrotado por Jacques Chirac, consolidando-se como um líder de peso na política nacional.
Após sua saída da vida política, a liderança do partido foi assumida por sua filha, Marine Le Pen.
Sob sua direção, o RN (anteriormente conhecido como Frente Nacional) passou por um processo de renovação e fortalecimento, tornando-se uma das principais forças políticas da França.
No entanto, o legado de Jean-Marie continuou a influenciar o rumo do partido.
Sua morte ocorre enquanto sua filha, Marine, se encontra em Mayotte, enfrentando os devastadores impactos do ciclone Chido.
Além disso, a perda de Jean-Marie acontece em meio a um processo judicial que continua a afetar a família Le Pen.
Jean-Marie sempre foi uma figura controversa, especialmente devido às suas declarações sobre a tragédia humanitária ocorrida na 2ª Guerra Mundial, o que gerou tensões internas.
Em 2015, após reiterar suas opiniões sobre o tema, foi expulso do Rassemblement National por Marine, o que provocou um rompimento familiar.
Jean-Marie acusou a filha de traição e expressou vergonha pela forma como ela conduzia o partido.
Além disso, recentemente, o ex-líder e outros membros do RN foram acusados de desviar recursos da União Europeia, destinados a assistentes parlamentares, para financiar atividades políticas entre 2004 e 2016.
Jean-Marie não foi considerado apto para depor nesse processo.
Enquanto isso, Marine Le Pen enfrenta seu próprio julgamento, com a sentença marcada para 31 de março de 2024.
Os promotores pedem uma pena de cinco anos de prisão e a suspensão de seus direitos políticos, o que pode comprometer suas chances nas eleições presidenciais de 2026.