Japão e Coreia do Sul pedem a China que faça mais para parar Coreia do Norte

20/12/2017 19:06 Atualizado: 20/12/2017 19:06

O Japão e a Coreia do Sul estão pedindo a China que pressione seu aliado rebelde, a Coreia do Norte, para que abandone seus programas de mísseis balísticos e armas nucleares, disse o ministro japonês das relações exteriores, Taro Kono, aos repórteres em 16 de dezembro.

“Concordamos que é necessário pedir à China que desempenhe um papel ainda mais efetivo”, disse Kono num encontro com a ministra sul-coreana das relações exteriores, Kang Kyung-wha.

O teste de um míssil balístico intercontinental da Coreia do Norte em 28 de novembro provou de uma vez por todas que o regime tem um míssil suficientemente grande para transportar uma ogiva nuclear e poderoso o suficiente para ir bem além da atmosfera terrestre, cruzar o espaço e descer em qualquer parte dos Estados Unidos.

Japão, Coreia do Sul, Coreia do Norte, China, paz - O Hwasong-15, um míssil balístico intercontinental norte-coreano, é lançado num local não revelado em 29 de novembro de 2017 (AFP/KCNA via KNS)
O Hwasong-15, um míssil balístico intercontinental norte-coreano, é lançado num local não revelado em 29 de novembro de 2017 (AFP/KCNA via KNS)

Com esse teste, a perspectiva de um acordo de paz negociado, que parecia possível quando o regime passou dois meses sem realizar qualquer teste, evaporou.

A Casa Branca prometeu que mais sanções estavam a caminho, mas duas semanas depois, a secretária de imprensa, Sarah Sanders, disse que o esforço era “complicado“.

A China e a Rússia disseram que não aprovarão sanções adicionais contra a Coreia do Norte, uma posição que assegurou que o regime do ditador Kim Jong-un tenha um suprimento confiável de petróleo, visto como uma mercadoria crítica para a estabilidade do regime.

Embora Kono tenha reconhecido que a China estava implementando as resoluções do Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovadas em setembro, ele disse que Pequim poderia exercer maior pressão sobre Pyongyang.

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Kang e Kono se encontraram por três horas em Tóquio, de acordo com o Straight Times. Os dois ministros das relações exteriores concordaram que a China precisava desempenhar um papel de maior relevância, mesmo que afirmasse estar aderindo às sanções aprovadas em setembro.

O apelo unificado para que a China faça mais ocorre quando o Japão decidiu começar a usar o Aegis Ashore, um sistema de defesa contra mísseis balísticos fabricado nos Estados Unidos, e quando o assessor de segurança nacional estadunidense H.R. McMaster apresentou outras opções para desnuclearizar o regime comunista norte-coreano.

O gabinete do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe aprovou a instalação de dois sistemas terrestres de defesa antimíssil Aegis Ashore em 19 de dezembro, informou o Japan Times. Os sistemas pretendem neutralizar os mísseis balísticos de curto e médio alcance, mas não o míssil balístico intercontinental que a Coreia do Norte testou no mês passado.

No mesmo dia, Abe disse que era hora de reiniciar um debate parlamentar há muito tempo paralisado sobre a revisão da Constituição pacifista pós-guerra do Japão, relatou o Japan Times.

O Artigo 9 da Constituição pode ser lido como uma proibição ao Japão de manter forças militares, mas é mais amplamente interpretado como limitando os militares japoneses a um papel defensivo. Abe quer afrouxar as restrições atuais às forças armadas.

Japão, Coreia do Sul, Coreia do Norte, China, paz - Navios da Força Japonesa de Autodefesa Marítima navegam em formação durante exercícios navais na orla da Baia de Sagami, Japão, em 22 de outubro de 2006 (Koichi Kamoshida/Getty Images)
Navios da Força Japonesa de Autodefesa Marítima navegam em formação durante exercícios navais na orla da Baia de Sagami, Japão, em 22 de outubro de 2006 (Koichi Kamoshida/Getty Images)

No mesmo dia, o consultor de segurança nacional H.R. McMaster disse numa entrevista à BBC que as chances de guerra com a Coreia do Norte dependem das ações imediatas de todos os envolvidos.

“Sobre as chances de guerra, quem sabe quais são. Elas poderiam aumentar ou diminuir, penso eu, com base no que todos nós decidimos fazer. A Coreia do Norte é uma grave ameaça para todas as pessoas civilizadas no mundo.”

Quando perguntado se ele estava comprometido com uma resolução pacífica para o atual impasse, McMaster disse que era preferível, mas não obrigatório.

“Queremos que a resolução seja pacífica, mas, como o presidente disse, todas as opções estão na mesa e temos que estar preparados, se necessário, para forçar a desnuclearização da Coreia do Norte sem a cooperação desse regime.”