Israel voltou a criticar a ONU nesta quinta-feira, a qual descreveu como “organização falida e moralmente corrupta”, nas palavras do embaixador do país, Gilad Erdan, antes de a Assembleia Geral se reunir nesta quinta-feira, em sessão extraordinária, para votar uma resolução apresentada pelos países árabes que pede o fim da guerra em Gaza.
A ONU “está sofrendo uma hemorragia de relevância, legitimidade e justificativa”, disse Erdan, que na terça-feira pediu a demissão do secretário-geral da ONU, António Guterres, acusando-o de justificar os crimes do Hamas e de abrir uma crise entre Israel e as agências da ONU.
As Nações Unidas “acabam de fazer 78 anos, mas estão tão quebradas e moralmente corruptas que duvido que cheguem aos 90 anos, quanto mais aos cem”, comentou Erdan na Assembleia Geral, onde se sentam os 193 países-membros.
O alvo dos ataques de Erdan foi a resolução árabe – que pede um cessar-fogo, o fim dos deslocamentos forçados e a proteção dos civis na Faixa de Gaza -, a qual considerou “absurda” e uma “vergonha para a inteligência de vocês”, disse aos representantes, depois de argumentar que não menciona os crimes do Hamas, embora o representante da Jordânia tenha negado essa afirmação.
Erdan utilizou a maior parte do seu discurso para descrever os ataques do Hamas de 7 de outubro – com fotografias e vídeos – e avisou que um cessar-fogo apenas permitiria que um grupo que descreveu como jihadista e nazista se rearmasse.
De acordo com Erdan, “a ONU tem sido complacente com o terror perpetrado em Gaza pelo Hamas”.
“O Hamas conta com vocês. Estejam certos de que, apesar do terror e dos massacres, a ONU virá em seu socorro (do Hamas) e impedirá Israel de se defender”, afirmou.
Indignação seletiva.
Antes de Erdan, o ministro das Relações Exteriores palestino, Riad al Malki, descreveu, com a voz falhando duas vezes, os ataques contra os habitantes da Faixa de Gaza.
Malki recordou que 70% dos cerca de 7.000 mortos em Gaza são mulheres e crianças e questionou como Israel pode afirmar que está minimizando os danos causados aos civis.
“Se matar 7.000 é minimizar os danos, maximizar os danos deve ser equivalente a matar 700.000. Israel quer libertar os seus reféns e, para isso, faz 2 milhões de pessoas reféns”, afirmou, acrescentando que 1,600 palestinos foram deixados nos escombros, sem que se saiba se estão vivos ou mortos.
O representante palestino também criticou a comunidade internacional por mostrar “indignação seletiva”.
“Não distorçam as leis. Não quebrem ou traiam as leis para agradar a Israel. Que vergonha para este fórum não pronunciar uma palavra de verdade. Escolham a justiça, não a vingança. A paz, e não mais a guerra, para acabar com três semanas da pior duplicidade de critérios a que assistimos em décadas, de modo a restaurar alguma credibilidade a este lugar”, declarou Malki.
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