Israel notificou oficialmente a Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o cancelamento do acordo que regulava, desde 1967, suas relações com a principal organização de ajuda humanitária da ONU dedicada aos refugiados palestinos, a UNRWA.
A decisão ocorre após a aprovação, pelo parlamento israelense, de uma legislação que proíbe a agência de operar dentro do território israelense e impede a cooperação de autoridades israelenses com a organização.
A medida gera preocupação internacional, em especial devido aos possíveis impactos na situação humanitária da Faixa de Gaza.
A UNRWA, criada em 1948 após a guerra que resultou na criação do Estado de Israel, presta assistência e serviços de educação a refugiados palestinos.
No entanto, Israel há muito tempo critica a agência, acusando-a de perpetuar o status dos palestinos como refugiados permanentes e de manter um viés anti-israelense.
Mais recentemente, o governo israelense afirmou que a UNRWA foi infiltrada por membros do grupo Hamas, que governa a Faixa de Gaza.
Segundo o governo, alguns funcionários da agência teriam inclusive participado dos ataques de 7 de outubro de 2023, nos quais mais de 1,2 mil israelenses foram mortos.
A nova legislação aprovada pelo parlamento israelense, além de proibir a UNRWA de operar dentro de Israel, também impede a colaboração oficial entre autoridades israelenses e a agência.
A lei aprovada não impede diretamente as operações da UNRWA na Cisjordânia e na Faixa de Gaza.
Jonathan Fowler, porta-voz da UNRWA, alertou que a proibição pode resultar no “colapso” do sistema de ajuda humanitária internacional em Gaza. Ele também defende que a organização tem sido fundamental para fornecer assistência essencial à população civil.
Em resposta às críticas, o embaixador de Israel na ONU, Danny Danon, reiterou que a ONU “não fez nada para lidar com a realidade” de que o Hamas se infiltrou na UNRWA, apesar das evidências apresentadas pelo governo israelense.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores de Israel, a atividade de outras organizações internacionais será expandida como parte de um plano para “encerrar a conexão com a UNRWA e aumentar alternativas” à assistência prestada pela agência.
O chanceler israelense, Israel Katz, também informou que a agência é responsável por apenas 13% da ajuda humanitária enviada a Gaza.
Katz afirmou que a maior parte da ajuda à região é fornecida por outras organizações, e garantiu que Israel continuará facilitando a entrada de ajuda humanitária em Gaza “de uma maneira que não prejudique a segurança dos cidadãos israelenses”.
O Epoch Times Brasil entrou em contato com a embaixada de Israel no Brasil mas não teve resposta até a publicação da matéria.