O ministro das Comunicações de Israel, Shlomo Karhi, voltou atrás nesta terça-feira e disse que devolverá o equipamento da agência de notícias americana Associated Press (AP), apreendido enquanto ela fazia uma transmissão ao vivo no território israelense que era fornecida à rede de televisão catariana Al Jazeera, cujas operações no país foram proibidas.
“Como o Ministério da Defesa pediu para reexaminar a questão das transmissões a partir de locais sensíveis e o risco que elas representam para nossas forças, ordenei a devolução do equipamento à AP nesta fase, enquanto aguardo o recebimento do (novo) parecer de segurança”, disse Karhi em comunicado.
Na transmissão, feita na cidade fronteiriça israelense de Sderot, a AP exibia cenas do norte da Faixa de Gaza ao vivo quando autoridades de Israel confiscaram seu equipamento, alegando que a agência estava revelando a localização de suas tropas para a Al Jazeera, que foi proibida de transmitir no país desde o último dia 5, sob alegação de prejudicar a segurança nacional.
O ministro voltou atrás após a Casa Branca classificar a apreensão do equipamento como “perturbadora” e depois de, segundo o jornalista israelense Barak Ravid, autoridades dos EUA pedirem ao gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, para reverter a situação.
O ex-primeiro-ministro e atual líder da oposição israelense, Yair Lapid, declarou na noite desta terça-feira que havia recebido ameaças do ministro das Comunicações, depois de também criticar a decisão e escrever na rede social X (ex-Twitter) que o governo havia “enlouquecido”.
“Quando ele (Karhi) consegue fazer com que Israel cheire mal em todo o mundo, o ministro ameaça enviar inspetores até mim, como nos regimes mais obscuros, onde os ministros enviam pessoas para calar o chefe da oposição”, criticou Lapid.
De acordo com uma nova lei, as empresas de imprensa estrangeiras podem ser forçadas a parar de transmitir em Israel – levando ao fechamento de seus escritórios, o confisco de equipamentos ou o bloqueio de seus sites – com base em alegações de segurança nacional.