Israel declarou como persona non grata nesta segunda-feira o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que ontem descreveu a ofensiva israelense na Faixa de Gaza como um genocídio comparável ao Holocausto.
“Não perdoaremos nem esqueceremos: em meu nome e em nome dos cidadãos de Israel, informei ao presidente Lula que ele é persona non grata em Israel até que peça desculpas e se retrate das suas palavras”, anunciou hoje o ministro das Relações Exteriores israelense, Israel Katz, após se reunir com o embaixador brasileiro no país.
Katz convocou ontem o embaixador brasileiro em Israel, Frederico Meyer, depois que Lula acusou Israel de emular Adolf Hitler ao cometer “um genocídio” no enclave palestino.
“Esta manhã convoquei o embaixador brasileiro em Israel no Museu do Holocausto, o local que testemunha mais do que qualquer outra coisa o que os nazistas e Hitler fizeram aos judeus, incluindo membros da minha família”, disse Katz.
Ao invés de na sede do Ministério das Relações Exteriores de Israel, em Jerusalém, o encontro com o embaixador aconteceu no Museu do Holocausto da cidade, onde posteriormente Katz anunciou à imprensa sua decisão sobre Lula.
“A comparação que o presidente brasileiro Lula faz entre a guerra justa de Israel contra o Hamas e as ações de Hitler e dos nazistas, que exterminaram seis milhões de judeus, é um grave ataque antissemita que profana a memória daqueles que morreram no Holocausto”, declarou Katz.
Israel declarou guerra ao grupo terrorista islâmico Hamas depois do ataque brutal em solo israelense que terminou com cerca de 1.200 mortos e 250 reféns levados para Gaza, dos quais 130 permanecem detidos no enclave.
“O que está acontecendo na Faixa de Gaza e com o povo palestino não existe em nenhum outro momento histórico. Aliás, existiu: quando o Hitler resolveu matar os judeus”, declarou Lula ontem durante uma cúpula de líderes da União Africana em Adis Abeba.
“Não é uma guerra entre soldados e soldados. É uma guerra entre um Exército altamente preparado e mulheres e crianças”, acrescentou o presidente brasileiro
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, classificou as palavras de Lula como “vergonhosas e graves” e argumentou que elas buscam “banalizar o Holocausto” e “o direito de Israel de se defender”.
“Comparar Israel com o Holocausto nazista e com Hitler é ultrapassar uma linha vermelha. Israel luta pela sua defesa e para garantir o seu futuro até a vitória total e o faz respeitando o direito internacional”, afirmou Netanyahu.