O ministro das Relações Exteriores de Israel, Israel Katz, criticou nesta sexta-feira o que chamou de “passado genocida” da Turquia, depois de seu presidente, Recep Tayyip Erdogan, ter anunciado que está enviando documentos à Corte Internacional de Justiça (CIJ), em Haia, que sustentam a acusação de genocídio contra Israel.
“Erdogan, de um país que cometeu o genocídio armênio no passado, agora se vangloria de atacar Israel com alegações sem fundamento. Nós nos lembramos dos armênios, dos curdos. Sua história fala por si só. Israel defende, não destrói”, disse Katz em mensagem na rede social X (ex-Twitter) dirigida ao presidente turco.
É a primeira vez que uma autoridade israelense de alto escalão fala abertamente sobre o genocídio armênio, já que Israel rejeitou por décadas o pedido da Armênia para que o país reconhecesse formalmente o crime cometido durante o Império Otomano para não prejudicar seus laços com Turquia e Azerbaijão, que o negam.
Israel enfrenta um julgamento de genocídio após acusação da África do Sul no principal tribunal internacional das Nações Unidas, cuja primeira audiência foi realizada ontem e hoje em Haia, onde a equipe jurídica israelense criticou a “hipocrisia” da África do Sul.
O próprio Katz acusou a África do Sul, há poucas horas, de violar a Convenção sobre Genocídio ao apoiar, como declarou, “um grupo terrorista como o Hamas, que busca a eliminação do Estado de Israel”.
Desde o início, a Turquia expressou sua satisfação com a queixa apresentada pela África do Sul e uma delegação parlamentar turca está em Haia para acompanhar o processo.
“Acredito que os documentos que entregamos agora, incluindo documentos visuais sérios, servirão para condenar Israel. Esperamos que sim. Porque acreditamos na justiça do tribunal de Haia”, disse o presidente turco.
“Hoje, Israel está se defendendo (em Haia). Que tipo de defesa é essa? Israel não está se defendendo, mas atacando mais uma vez, tendo transformado a prisão a céu aberto da Palestina em um mar de sangue”, acrescentou Erdogan.
A Turquia é um aliado histórico de Israel, mas, após o ataque do grupo islâmico palestino Hamas em 7 de outubro, Erdogan denunciou a resposta israelense de bombardeio maciço da Faixa de Gaza como um crime de guerra, e Israel retirou seu embaixador de Ancara no final de outubro.