O governo de Israel criticou neste domingo o primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, por ter escrito na rede social X (ex-Twitter) que uma menina israelense-irlandesa que foi sequestrada pelo grupo terrorista islâmico Hamas “havia se perdido”, incidente que inclusive levou o Ministério das Relações Exteriores de Israel a convocar o embaixador irlandês.
“Senhor primeiro-ministro, o senhor parece ter perdido sua bússola moral e precisa de uma verificação da realidade. Emily Hand não estava ‘perdida’, ela foi sequestrada por uma organização terrorista pior do que o Estado Islâmico que assassinou sua madrasta”, escreveu Eli Cohen, ministro das Relações Exteriores de Israel, na mesma plataforma.
“Que vergonha”, disse o chanceler israelense, acusando Varadkar de “legitimar e normalizar o terrorismo”.
Emily Hand, uma menina israelense-irlandesa de nove anos, estava entre as cerca de 240 pessoas que foram sequestradas de vilarejos israelenses próximos à Faixa de Gaza durante o ataque do Hamas em 7 de outubro.
Ela foi liberada neste fim de semana, juntamente com outras 57 pessoas, como parte de um acordo de cessar-fogo temporário entre Israel e Hamas, que também inclui a libertação de prisioneiros palestinos.
Na noite de sábado, Varadkar comemorou a libertação de Hand em uma declaração na rede social.
“Este é um dia de grande alegria e alívio para Emily Hand e sua família. Uma garota inocente que havia se perdido e agora foi encontrada e devolvida, respiramos aliviados”, escreveu o líder irlandês.
Considerando essas palavras “ultrajantes”, Cohen decidiu chamar o embaixador irlandês em Israel “para uma reprimenda”.
Em meio à controvérsia, Varadkar publicou no X sua “declaração completa” sobre Hand.
“Uma garotinha foi tirada de sua casa e mantida em cativeiro por quase sete semanas. Emily agora volta para sua família, mas não podemos esquecer que muitos outros reféns permanecem em cativeiro na Faixa de Gaza”, diz a declaração.
O presidente israelense, Isaac Herzog, rebateu Varadkar durante uma reunião com o presidente alemão, Frank-Walter Steinmeier, em Jerusalém neste domingo.
“Absolutamente inconcebível. Os Estados, e certamente os líderes dos Estados, devem, acima de tudo, mostrar responsabilidade e dizer a verdade. Emily foi sequestrada de sua casa por terroristas do Hamas”, ressaltou Herzog.
“A omissão intencional das palavras ‘Israel’, ‘sequestrada’, ‘terroristas’ ou ‘Hamas’ é vergonhosa, ignora a realidade e os fatos e não está de acordo com nenhum dos valores de moralidade, humanidade e paz”, enfatizou.
Hand foi sequestrada no kibutz Beeri, a poucos quilômetros da Faixa de Gaza, onde dezenas de pessoas foram mortas e cerca de 80 foram feitas reféns.
A madrasta de Hand foi morta no ataque, enquanto a menina foi levada para a Faixa de Gaza junto com uma amiga que estava com ela.
Entre para nosso canal do Telegram