Israel aceita cessar-fogo de 60 dias com Hezbollah no Líbano

Por Agência de Notícias
26/11/2024 18:29 Atualizado: 26/11/2024 18:29

O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, anunciou nesta terça-feira (26) que o gabinete de segurança aceitou o acordo de cessar-fogo de 60 dias proposto no Líbano, com a condição de manter a “liberdade de ação” caso o acordo seja violado.

“A duração do cessar-fogo dependerá do que acontecer no Líbano e manteremos total liberdade de movimento”, declarou o primeiro-ministro em pronunciamento.

O gabinete de segurança se reuniu por várias horas para discutir os termos do acordo e Netanyahu anunciou que votou a favor do compromisso proposto pelos Estados Unidos sobre um cessar-fogo no Líbano.

A proposta inclui três estágios: uma trégua seguida pela retirada das forças terroristas libanesas do Hezbollah ao norte do rio Litani; uma retirada total das tropas israelenses do sul do Líbano em 60 dias; e, finalmente, negociações entre Israel e Líbano sobre a demarcação da fronteira, que atualmente é um limite estabelecido pela ONU após a guerra de 2006.

“Em pleno entendimento com os Estados Unidos, mantemos total liberdade de ação militar. Se o Hezbollah violar o acordo e tentar se armar, nós atacaremos. Se ele tentar renovar a infraestrutura terrorista perto da fronteira, nós atacaremos. Se ele lançar um foguete, se cavar um túnel, se trouxer um caminhão de mísseis, nós atacaremos”, disse Netanyahu.

A “liberdade de ação” militar dentro do Líbano foi um dos elementos mais controversos do acordo, ao qual o governo libanês e o Hezbollah se opuseram fortemente, mas Israel se dispôs a aceitar uma carta de compromisso de Washington sobre essa questão.

Em relação aos críticos do acordo, incluindo seus parceiros de extrema direita e prefeitos de comunidades do norte que temem que ainda não haja garantias de segurança para que os residentes evacuados retornem às suas casas, o primeiro-ministro prometeu que as tropas entrarão novamente no Líbano, se necessário.

Netanyahu lembrou que, há um ano, ele já assinou uma trégua com o Hamas na Faixa de Gaza para libertar alguns reféns, mas com condições para “atacar novamente e renovar a guerra”.

“Alguns dizem que o Hezbollah permanecerá em silêncio por um ou dois anos, ficará mais forte e depois nos atacará. Mas o Hezbollah não só violará o cessar-fogo se disparar contra nós, como também o fará quando tentar se armar para nos atacar no futuro. Para cada violação deles, responderemos com firmeza”, alertou.

O premiê comentou que o momento era “certo” para um cessar-fogo no Líbano por três motivos: foco na ameaça iraniana, renovação completa das forças e isolamento do Hamas.

“Desde o segundo dia da guerra, o Hamas contou com o Hezbollah para lutar ao seu lado. E quando o Hezbollah está fora de cena, o Hamas fica sozinho na campanha. Nossa pressão sobre ele aumentará e isso contribuirá para a missão sagrada de libertar nossos reféns”, comentou Netanyahu sobre a situação na Faixa de Gaza.

Sobre a guerra no Líbano, na qual mais de 3.500 libaneses foram mortos, Netanyahu disse que alcançou seus objetivos, não apenas desmantelando a organização – assassinando toda a sua liderança, inclusive o líder Hassan Nasrallah – mas também fazendo-a retroceder “milhares de anos” depois de destruir a maior parte de seu arsenal de armas e infraestrutura subterrânea.

“Há alguns anos, isso pareceria ficção científica, mas não é. Conseguimos”, enfatizou, com o argumentou de que havia escolhido estrategicamente o momento de lançar a ofensiva de guerra no norte – paralelamente à guerra em Gaza – bem como o momento de responder ao ataque de 181 projéteis do Irã em outubro.