As autoridades do Irã impediram nesta quarta-feira a transferência para um hospital da vencedora do Prêmio Nobel da Paz de 2023, Narges Mohammadi, para receber cuidados médicos por não usar o véu islâmico obrigatório.
“Nesta manhã, mais uma vez, a transferência de Narges Mohammadi para um hospital cardíaco para uma angiografia coronária foi impedida por ela não usar o véu obrigatório”, denunciou a família da ativista na rede social Instagram.
Mohammadi, de 51 anos e presa no presídio de Evin, em Teerã, foi submetida a exames médicos na semana passada que mostraram obstrução de duas artérias, acúmulo de líquido ao redor do coração e inflamação.
Por isso, necessita de tratamento médico e de uma angioplastia coronária para abrir as artérias bloqueadas do coração, segundo as redes sociais da campanha que pede a sua libertação.
“A responsabilidade pela vida de Narges Mohammadi cabe ao governo”, ressaltou sua família.
A ativista iniciou uma greve de fome na semana passada para protestar contra a falta de cuidados médicos na prisão e a obrigatoriedade do uso do véu islâmico, depois de lhe ter sido recusada a ida a um hospital para ser submetida a uma cirurgia por ter se recusado a usar um hijab.
Três dias depois, encerrou o protesto depois de ser transportada para um hospital para ser examinada em meio a um forte esquema de segurança e levada de volta à prisão mais tarde.
O Comitê do Nobel concedeu no mês passado o prestigioso prêmio a Mohammadi “por sua luta contra a opressão das mulheres no Irã e por sua luta para promover os direitos humanos e a liberdade para todos”.
O Nobel também relacionou o ativismo de Mohammadi com os protestos desencadeados no ano passado após a morte sob custódia policial da jovem Mahsa Amini, depois de ter sido detida por não usar corretamente o véu islâmico.
O regime iraniano considerou a concessão do prêmio à ativista como “um ato político” e uma medida de “pressão” do Ocidente.
Mohammadi cumpre atualmente uma pena de 10 anos de prisão por “espalhar propaganda contra o Estado” e tem entrado e saído das prisões iranianas durante anos.
Seu ativismo custou-lhe 13 detenções, cinco penas de 31 anos de prisão no total e 154 chibatadas.
A jornalista e ativista não vê os filhos, que estão em Paris, há oito anos e também já passou longos períodos em confinamento solitário.
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