Teerã, 14 jan – A Justiça do Irã disse nesta terça-feira que o embaixador do Reino Unido em Teerã, Rob Macaire, deveria ser expulso por “interferir nos assuntos internos do país”, depois que o diplomata participou de um protesto contra o governo na capital.
Macaire ficou um breve período preso no último sábado e convocado ao Ministério das Relações Exteriores, um dia depois por participar “de uma reunião ilegal”, segundo Teerã, algo rejeitado por Londres e que respondeu ontem ligando para o embaixador iraniano.
O porta-voz do Poder Judiciário, Gholamhosein Esmaili, enfatizou que a Convenção de Viena concede imunidade aos diplomatas, mas também estabelece que essas pessoas “são obrigadas a respeitar as leis e regulamentos dos países anfitriões e abster-se de ingerir em seus assuntos internos”.
“De acordo com o direito internacional, essa pessoa é uma ‘persona non grata’. O povo (iraniano) espera que ele seja expulso e é também isso que o direito internacional exige”, disse o porta-voz, citado pela agência “Tasnim”.
No domingo, o embaixador negou ter participado de qualquer protesto e disse ter comparecido a um evento anunciado como uma vigília em homenagem às 176 vítimas do avião ucraniano abatido por engano pelas forças armadas iranianas.
O ministro das Relações Exteriores do Reino Unido, Dominic Raab, exigiu ontem que o Irã faça um pedido de desculpas pela prisão temporária de Macaire e exigiu garantias de que um incidente semelhante não ocorrerá novamente.
A Chancelaria britânica convocou o embaixador iraniano em Londres, Hamid Baeidinejad, a quem informou que consideram a detenção “uma flagrante violação do direito internacional”.
Essas críticas, bem como alguns comentários das autoridades britânicas sobre o assassinato do general iraniano Qasem Soleimani por parte dos EUA e o subsequente ataque do Irã a uma base no Iraque com presença americana não foram bem recebidas em Teerã.
O Ministério das Relações Exteriores do Irã condenou ontem “a ação ilegal e pouco profissional do embaixador britânico e sua participação suspeita em uma reunião em Teerã”.