Investigado pela PF a pedido de organização pró-Palestina, soldado israelense deixa Brasil

Por Redação Epoch Times Brasil
06/01/2025 16:43 Atualizado: 06/01/2025 16:43

O reservista israelense Yuval Vagdani, de 21 anos, deixou o Brasil neste domingo (5), sob a supervisão da Embaixada de Israel em Brasília. O militar havia sido alvo de um pedido de investigação feito pela Fundação Hind Rajab (HRF), com a acusação de praticar alegados crimes de guerra na Faixa de Gaza.

A HRF é uma uma organização internacional pró-Palestina baseada na Bélgica, que documenta supostas violações de direitos humanos cometidas por soldados israelenses durante o conflito com o grupo terrorista islâmico Hamas.

A decisão judicial que determinou a investigação pela Polícia Federal (PF) foi emitida em 30 de dezembro, pela juíza Raquel Soares Chiarelli, da Justiça do Distrito Federal, após solicitação da HRF.

Entre os apontamentos, está o suposto envolvimento em demolições massivas de residências civis em Gaza, alegando que tais ações configurariam crimes contra a humanidade, incluindo genocídio. Essas acusações foram baseadas em vídeos, imagens e dados de geolocalização que o soldado teria compartilhado nas redes sociais.

Nas postagens, um vídeo mostra uma explosão controlada, além de imagens de antes das demolições no Corredor de Netzarim — com menos de sete quilômetros de extensão, que separará a Cidade de Gaza, indo de leste a oeste da fronteira israelense ao sul de Nahal Oz até o Mar Mediterrâneo.

Em entrevista ao jornal israelense Haaretz, o pai de Vagdani relatou que o filho e seus amigos foram alertados pelas autoridades israelenses sobre a situação e, prontamente, tomaram a decisão de deixar o Brasil.

O embaixador de Israel, Daniel Zonshine, confirmou que o soldado foi acompanhado por um representante diplomático ao aeroporto e deixou o país sem mais incidentes. O soldado partiu de Salvador, no estado da Bahia, e seguiu para a Argentina. O Itamaraty não se pronunciou sobre o caso.

Israel nega crimes de guerra

O governo de Israel reforçou, em nota, que suas ações em Gaza estão em conformidade com o direito internacional e reiterou que o país age em legítima defesa após os ataques do Hamas, que resultaram na morte de mais de 1.200 israelenses em 7 de outubro de 2023.

“Os verdadeiros perpetradores de crimes de guerra são as organizações terroristas, que exploram populações civis como escudos humanos e utilizam hospitais e instalações internacionais como infraestrutura para atos de terrorismo direcionados a cidadãos israelenses”, declara o comunicado.

A HRF comemorou a decisão judicial brasileira, destacando que é a primeira vez que um Estado signatário do Estatuto de Roma aplica suas disposições diretamente, sem recorrer ao Tribunal Penal Internacional (TPI).

Em resposta, Israel alertou seus soldados sobre os riscos de compartilhar imagens de suas ações militares nas redes sociais, enfatizando a crescente vigilância sobre seus membros no exterior.

De acordo com informações do portal de notícias israelense Ynet, pelo menos 30 soldados israelenses estão sendo investigados por crimes de guerra, com oito deles forçados a deixar países da Europa, como Chipre, Eslovênia e Holanda, devido a investigações semelhantes.