Investigação jornalística aponta ligação da antiga KGB com envenenamento de Navalny

14/12/2020 17:05 Atualizado: 14/12/2020 17:05

Por Agência EFE

Um grupo de agentes técnicos em armas químicas do Serviço Federal de Segurança da Rússia (FSB), que é a antiga KGB, a polícia secreta soviética, está envolvido no envenenamento de Alexei Navalny, segundo uma investigação jornalística publicada nesta segunda-feira(14).

O site “Bellingcat”, em parceria com a revista alemã “Der Spiegel” e a emissora americana “CNN” apontaram que em 2017, 2019 e 2020, agentes de uma unidade clandestina especializada no trabalho com substâncias tóxicas seguiram o líder oposicionista em viagens pelo território russo, com destinos coincidindo em 37 oportunidades.

A investigação, baseada em dados de telecomunicação e registros de viagens, identifica três agentes que seguiram Navalny em agosto do ano passado, primeiro a Novosibirsk, onde ele fez campanha para as eleições regionais, e posteriormente à cidade de Tomsk, na Sibéria, onde foi envenenado com um agente do grupo Novichok.

Tratam-se de Alexey Alexandrov e Ivan Osipov, ambos médicos, e Vladimir Panyaev, que eram apoiados e supervisionados por, pelo menos, cinco integrantes da FSB, alguns deles que também chegaram a viajar para o mesmo local em que o líder da oposição ficou internado.

A equipe especial “esteve perto do ativista nos dias e horas do período em que ele foi envenenado”, segundo a investigação, que lembra que as autoridades da Rússia não apuraram criminalmente os fatos, e negam qualquer ligação com o caso.

Segundo as informações obtidas por “Bellingat”, “CNN” e “Der Spiegel”, integrantes da unidade clandestina se comunicaram durante a viagem, com “picos” de comunicação nos momentos anteriores ao envenenamento.

Além disso, houve contato entre os membros do grupo no período da saída de Navalny do hotel em Tomsk, em que estava hospedado, até a chegada ao aeroporto da cidade, de onde embarcou em avião e se sentiu mal durante o voo.

A equipe clandestina opera sob a fechada do Instituto de Criminalística da FSB, também conhecido como Instituto de Investigação-2 ou Unidade Militar 34435, afirmam os três veículos de comunicação.

O programa estaria sendo supervisionado pelo coronel Stanislav Makshakov, um cientista que havia trabalhado em outra unidade, fechada com o anúncio do fim do programa de armas químicas da Rússia, em 2017, indica o “Bellingcat”.

O militar era consultado pelos agentes em campo que seguiam Navalny em agosto deste ano e também recebia informações sobre o que era coletado no acompanhamento do oposicionista.

Makshakov, por sua vez, está subordinado ao general Kiril Vasilyev, diretor do Instituto de Criminalística da FSB. Esse último presta contas ao chefe do Centro de Tecnologia Especial da corporação, Vladimir Bogdanov, que é submetido ao diretor do Serviço Federal de Segurança da Rússia Alexandr Bortnikov

O site “Bellingcat” indica, inclusive, que em pelo menos uma ocasião – possivelmente outras duas -, houve tentativa de envenenar Navalny realizada por agentes da unidade.

A investigação destaca que, durante voo em 2019, o oposicionista sofreu sintomas muito similares aos de agosto do ano passado, quando foi confirmada a intoxicação por agente do grupo Novichok.

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