Interpol, chefiada pelo vice-ministro da polícia da China, abusa dos alertas vermelhos para rastrear dissidentes no exterior

17/05/2018 10:18 Atualizado: 17/05/2018 10:20

Por Sunny Chao, Epoch Times

A Interpol, uma organização internacional privada que supostamente facilita a cooperação policial internacional, é atualmente liderada pelo vice-ministro da segurança pública da China, Meng Hongwei.

Desde que ele foi eleito líder da Interpol em 2016, o regime comunista chinês usou os alertas vermelhos da Interpol para intensificar a repressão aos dissidentes chineses que escaparam para o exterior e para perseguir suas famílias dentro da China.

Um alerta vermelho da Interpol informa a todos os 190 países membros que uma pessoa é procurada para extradição com base numa decisão judicial tomada num país específico ou por um tribunal internacional. No entanto, a Interpol não emite mandados de prisão.

Ye Ning, uma advogada de direitos humanos radicada em Washington, D.C., que representou muitos casos de dissidentes chineses alvos da Interpol, disse à emissora NTD, uma mídia associada ao Epoch Times, em 13 de maio, que “alertas vermelhos” são um dos meios pelos quais o regime chinês expande o “modelo de Pequim” para o mundo.

“O alerta vermelho é, na verdade, uma maneira de o Partido Comunista Chinês ampliar sua influência e uma manifestação da sua ditadura proletária inescrupulosa se estendendo a outros países”, afirmou Ye Ning.

Ele disse que por meio dos esforços de advogados, a Interpol removeu cerca de 100 alertas vermelhos para seus clientes.

Danny Du Nan, ministro da segurança pública na China e palestrante sobre uma investigação de manipulação de resultados esportivos, durante uma conferência da Interpol num hotel em Kuala Lumpur, Malásia, em 20 de fevereiro de 2013 (Stanley Chou/Getty Images)
Danny Du Nan, ministro da segurança pública na China e palestrante sobre uma investigação de manipulação de resultados esportivos, durante uma conferência da Interpol num hotel em Kuala Lumpur, Malásia, em 20 de fevereiro de 2013 (Stanley Chou/Getty Images)

Wei Jingsheng, um ativista chinês da democracia que vive no exílio nos Estados Unidos, disse à Voz da América em 4 de maio que ele e seus dois assistentes foram detidos pela polícia na Suíça em 2006 porque foram emitidos alertas vermelhos da Interpol para eles. Wei estava na Suíça na época para participar da Conferência de Direitos Humanos das Nações Unidas em Genebra.

Em janeiro, a Human Rights Watch (HRW), uma ONG internacional que defende os direitos humanos, detalhou os métodos usados ​​pelo regime chinês para perseguir familiares e parentes de alvos da Interpol.

“A polícia e os promotores visitaram ou convocaram parentes sem apresentar qualquer documento legal e ameaçaram detê-los caso não conseguissem convencer o indivíduo marcado com um alerta vermelho a retornar à China. A Human Rights Watch identificou pelo menos dois casos em que as autoridades prenderam parentes formalmente”, segundo um comunicado da HRW.

Sophie Richardson, diretora de China na HRW, expressou suas preocupações num comunicado de setembro de 2017 sobre o abuso de alertas vermelhos da Interpol provenientes da China.

“A Interpol afirma operar de acordo com os padrões internacionais dos direitos humanos, mas a China já demonstrou sua disposição para manipular o sistema”, disse ela. “E com o vice-ministro da segurança pública da China, uma agência notoriamente abusiva, como presidente, a credibilidade da Interpol está em jogo.”

O Ministério da Segurança Pública da China é frequentemente encarregado de monitorar e prender dissidentes, dispersar protestos e outras medidas para “manter a estabilidade”.

Colaborou: Chen Han da NTD TV