As autoridades dos serviços de segurança da Nova Zelândia pediram uma resposta governamental mais firme a respeito da interferência política de Pequim em seu país.
Relatórios foram apresentados sobre o ambiente de segurança na Nova Zelândia aos líderes políticos do país, mas não nomearam nações interferentes. Mas especialistas dizem que o culpado é o Partido Comunista Chinês (PCC), informou o Financial Times.
“Nós pensamos que um diálogo mais amplo com o público, de forma regular e cobrindo uma ampla gama de questões de segurança nacional, apoiará uma abordagem de risco e resiliente no que diz respeito à segurança nacional, normalizando questões que muitas vezes podem parecer bastante abstratas ou distantes para a maioria dos neozelandeses”, disse um dos relatórios, de acordo com o Financial Times.
Outro relatório citou que “as atividades na Nova Zelândia no ano passado incluíram tentativas de acesso a informações sensíveis do governo e do setor privado e tentaram influenciar indevidamente as comunidades de expatriados”.
New Zealand’s intelligence warns of growing Chinese covert aggression. https://t.co/Cys1RpQcrF
— Eric Garland (@ericgarland) December 12, 2017
Anne-Marie Brady, professora de política na Universidade de Canterbury, disse que a China era certamente a nação mencionada no relatório de segurança.
“A comunidade de inteligência da Nova Zelândia está dizendo ao governo que eles têm um problema e que precisam lidar com isso publicamente, para expor essa questão à luz do dia”, disse Brady ao New Zealand Herald.
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Em setembro, Brady publicou um documento de pesquisa que expôs elementos da influência do Partido Comunista Chinês na Nova Zelândia. Suas descobertas aumentaram as preocupações sobre doações políticas e cargos administrativos oferecidos a ex-ministros e parentes.
Brady escreveu num artigo publicado pelo Instituto Lowy que as tentativas de Pequim de obter influência política no exterior são generalizadas e difundidas.
“As atividades de influência [estrangeira] (de qualquer Estado) só podem prosperar se a opinião pública no Estado-alvo tolerar isso”, escreveu ela.
China’s network of influence in New Zealand. Professor Anne-Marie Brady was disturbed by her findings. https://t.co/l4JlMFydzj pic.twitter.com/SnJn3Xhy8S
— UniversityCanterbury (@UCNZ) September 20, 2017
Matt Nippert, um repórter investigativo do New Zealand Herald, disse que o Partido Comunista Chinês usa uma abordagem abrangente.
“Você pode ver a influência do poder brando chinês em toda a mídia chinesa aqui e em todos os negócios que envolvem acordos, e inclusive dentro de ambos os partidos políticos [em que há] candidatos bastante simpatizantes” com os pontos de vista do regime chinês, disse Nippert.
Ele disse que não tem havido uma discussão sobre o poder brando chinês ou sua influência em seu país e muito menos reações contra isso, como tem ocorrido em outras nações.
Na vizinha Austrália, preocupação generalizada foi despertada recentemente sobre a interferência do Partido Comunista Chinês nos assuntos nacionais australianos. Reportagens contínuas da mídia resultaram no governo australiano introduzindo leis mais duras contra a interferência estrangeira, o que perturbou o regime chinês.
Resisting China’s magic weapon | Anne-Marie Brady https://t.co/aIV1IMtcFS
— The Lowy Institute (@LowyInstitute) September 27, 2017