Índia se apresenta como líder do Sul Global na ONU

Por Agência de Notícias
26/09/2023 15:46 Atualizado: 26/09/2023 15:46

A Índia se apresentou nesta terça-feira como líder do chamado Sul Global e porta-voz de suas queixas e aspirações em um discurso na Assembleia Geral da ONU feito pelo ministro das Relações Exteriores do país, Subrahmanyam Jaishankar.

O discurso do chanceler indiano foi uma clara reivindicação do papel da Índia no mundo contemporâneo e de seu papel de destaque em dois grupos, o G20 e o BRICS, nos quais o país “pretende ser uma potência líder, não para seu próprio engrandecimento, mas para assumir maiores responsabilidades e fazer maiores contribuições”.

O representante indiano não falou neste ano sobre questões atuais, como a recente desavença entre o país e o Canadá pelo assassinato de um líder sikh em solo canadense, nem relembrou seu tradicional discurso de outros anos sobre a Caxemira, que historicamente o opõe ao Paquistão, e usou todo o seu discurso para destacar o papel de seu país neste momento e exigir maior protagonismo político.

Jaishankar listou o que ele considera as piores falhas da atual ordem mundial: “o apartheid das vacinas”, a “evasão de responsabilidades históricas” com relação à crise climática, o “poder dos mercados que não deveria ser usado para direcionar alimentos e energia para as necessidades dos mais ricos”.

Ele também reclamou que “a conveniência política determina as respostas ao terrorismo, ao extremismo e à violência”, antes de pedir a “não interferência em assuntos internos, que não devem ser usados para conveniência”, uma ideia que está ganhando cada vez mais espaço no terceiro mundo e que também é repetida pela China e pela Rússia.

O ministro indiano disse que suas palavras refletiam “o sentimento do Sul Global”, que tem de suportar “desigualdades estruturais e desenvolvimento desigual”.

“Os dias em que algumas nações escreviam a agenda e esperavam que outras a seguissem obedientemente acabaram”, insistiu ele, uma frase que foi ouvida em muitos discursos este ano, mas que não se traduziu em ação para reformar as instituições internacionais que até mesmo o próprio secretário-geral considera obsoletas.

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