Inacreditável: Cuba, China e Rússia passam a integrar o Conselho de Direitos Humanos da ONU

13/10/2020 22:42 Atualizado: 14/10/2020 09:02

Por Agência EFE

Cuba, China e Rússia, entre outros países, entraram nesta terça-feira (13) para o Conselho de Direitos Humanos da ONU, apesar da oposição de várias ONGs, como a Human Rights Watch (HRW), que não considera esses países merecedores para integrarem a instituição.

A Assembleia Geral da ONU elegeu os novos 15 membros do Conselho de Direitos Humanos da entidade em uma votação na qual a maioria dos candidatos, exceto aqueles que concorriam pelo grupo Ásia-Pacífico – China, Arábia Saudita, Nepal, Paquistão e Uzbequistão -, tinham virtualmente a garantia de um lugar, pois não tinham concorrentes.

Cuba concorria sem oposição ao lado de México e Bolívia para os três lugares vagos para o chamado grupo de América Latina e Caribe, que já havia demonstrado apoio aos três países e aguardava apenas a confirmação oficial da Assembleia Geral.

Apesar disso, na sexta-feira (9), a opositora cubana Rosa María Payá insistiu para que a comunidade internacional, especialmente os países europeus e americanos, votassem contra a candidatura de Cuba.

“Pedimos para que votem contra a ditadura cubana para o mais importante órgão de direitos humanos”, disse Payá, em evento virtual organizado pela ONG UN Watch.

O mesmo ocorreu com a Rússia, que, juntamente com a Ucrânia, concorria a um dos dois assentos reservados aos países da Europa Oriental, de modo que seu lugar estava quase garantido.

CRÍTICAS

A Human Rights Watch havia solicitado aos 192 países votantes que não apoiassem as indicações desses três governos, além da Arábia Saudita, que acabou sendo excluída por não obter apoio suficiente dentro do grupo Ásia-Pacífico, o único com mais candidatos (cinco) do que os assentos disponíveis (quatro).

A ONG, que descreveu as candidaturas cubana e russa como “problemáticas”, criticou a Rússia pelo envolvimento em ataques indiscriminados na Síria e a proteção ao regime de Damasco na esfera internacional, e criticou Cuba pela perseguição a jornalistas e manifestantes e por utilizar as presenças anteriores no Conselho de Direitos Humanos para proteger governos como o da Venezuela.

A organização ainda classificou China e Arábia Saudita como dois dos governos mais abusivos do mundo.

Para o diretor executivo da ONG UN Watch, Hillel Neuer, “eleger estas ditaduras como juízes de direitos humanos da ONU é como transformar um bando de incendiários em um corpo de bombeiros”.

Para a organização, China, Cuba, Paquistão, Rússia, Arábia Saudita e Uzbequistão não estão qualificados para fazerem parte do Conselho, enquanto que a participação de Bolívia, México, Costa do Marfim, Nepal, Malauí, Senegal e Ucrânia é “questionável”. A UN Watch apenas endossou as candidaturas de França e Reino Unido.

ARÁBIA SAUDITA FORA

O diretor da HRW para as Nações Unidas, Louis Charbonneau, disse que o fracasso saudita no Conselho de Direitos Humanos é “um bom lembrete da necessidade de maior concorrência nas eleições da ONU”, e elogiou o fato de que a China recebeu 139 votos a favor, menos que os 180 de 2016.

Para Charbonneau, a perda de 41 votos neste período de quatro anos “mostra que mais Estados estão perturbados com o triste histórico de direitos da China”.

Sobre o caso da Arábia Saudita, a HRW lembrou que, apesar dos anúncios de reformas pelas autoridades, o país continua a agir contra defensores dos direitos humanos e dissidentes e a mostrar pouca responsabilidade por crimes passados, incluindo o assassinato do jornalista Jamal Khashoggi em 2018.

Em relação à China, a HRW destacou relatórios elaborados por especialistas da ONU alertando sobre graves violações dos direitos humanos em Hong Kong, Tibete e na região de Xinjiang, sobre a supressão de informações no início da pandemia de Covid-19, e sobre ataques a ativistas, jornalistas e críticos do governo.

Os 15 países eleitos se juntarão ao Conselho de Direitos Humanos, composto por 47 assentos, para um mandato de três anos, com início em janeiro.

 

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