Igreja de Cuba rejeita mudanças na Constituição que permitiriam casamento gay

31/08/2018 17:02 Atualizado: 31/08/2018 17:02

Por Agência EFE

A Igreja Católica se posicionou contra a proposta de mudar a definição de casamento na nova Constituição que está sendo debatida em Cuba, uma iniciativa que atribuiu ao “colonialismo ideológico” e que, caso seja aprovada, permitiria a eventual legalização das uniões entre homossexuais na ilha.

O arcebispo de Santiago de Cuba, Dionisio García, afirmou em carta divulgada no site da Conferência Episcopal de Cuba que a mudança, presente no artigo 68 da minuta da nova Carta Magna, “preocupa a muitos” por seu “alcance posterior”, diante da possibilidade de aprovar as uniões e adoções entre casais de pessoas do mesmo sexo.

Esta é a primeira vez em que a Igreja Católica se posiciona publicamente neste debate, que parte de uma modificação da definição de casamento na atual Carta Magna (1976), passando de “a união voluntária entre um homem e uma mulher” para “a união voluntariamente arranjada entre duas pessoas com aptidão legal para isso”.

“Ignorar o que, por natureza, nos foi dado ou ir contra as leis e processos inscritos, inclusive geneticamente, em nosso ser, traz sempre consequências lamentáveis, seja imediatamente ou com o decorrer dos anos”, diz o documento assinado pelo arcebispo cubano.

A carta afirma que “a instituição do casamento é tão antiga como a humanidade, está na própria origem do homem e das formas primitivas de organização social (…), mas, em todas, estão presentes e relacionados entre si os dois sexos, homem e mulher”.

Além disso, o texto classifica de “simplista e falsa” a afirmação de que a rejeição ao casamento homossexual provém apenas dos cristãos, “pois esta postura está avalizada pela experiência, pela história e pelas ciências que estudam o ser humano e seu comportamento”.

García alertou que, entre as consequências da redefinição do casamento na Constituição, está também a modificação dos conteúdos educativos nas escolas, nos âmbitos culturais e nos veículos de imprensa, “para adaptá-los a essa nova proposta”, o que geraria uma “mudança cultural desnecessária”.

“É falso alegar que é próprio de uma revolução fazer mudanças como essa, romper com as tradições. A maneira de celebrar um casamento pode sim ser considerada uma tradição, mas não o casamento em si”, afirmou o religioso na carta.