Iêmen sofre epidemia de cólera recorde no mundo: Um milhão de casos confirmados

25/12/2017 06:29 Atualizado: 25/12/2017 06:29

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) anunciou na semana passada “um milhão de casos confirmados de cólera” no Iêmen.

A situação no país é tão dramática que “mais de 80% da população atualmente carece de alimentos, combustível, água potável e acesso a serviços de saúde”, de acordo com mensagens do CICV no Twitter em 22 de dezembro.

Em pouco mais de um ano, a epidemia colapsou os serviços de saúde multiplicando-se rapidamente.

“Crianças morrem nos corredores dos hospitais. Quatro enfermos se espremem no mesmo leito, é o surto devastador da cólera no Iêmen”, descreveu o CICV em outra mensagem nas redes sociais.

A organização humanitária relatou que os trabalhadores de saúde “estão lutando para lidar com o sistema de saúde do país dizimado por dois anos de guerra implacável”.

“No momento, apenas 45% dos hospitais estão em operação, enquanto apenas 30% dos medicamentos e suprimentos médicos necessários estão entrando no país”, afirmou a Cruz Vermelha num relatório de agosto.

De acordo com os seguintes dados da OMS, o Iêmen enfrenta um recorde mundial de epidemia de cólera:

Iêmen, cólera, epidemia, OMS, Cruz Vermelha - Estatísticas da Organização Mundial de Saúde sobre as maiores epidemias de cólera no mundo (OMS-CNN)
Estatísticas da Organização Mundial de Saúde sobre as maiores epidemias de cólera no mundo (OMS-CNN)

Em 7 de outubro de 2016, o Ministério da Saúde do Iêmen documentou oficialmente 8 casos de cólera em algumas áreas da cidade de Sanaa, a antiga capital do Iêmen. Eles testaram positivo para o vibrião colérico, de acordo com a OMS.

Em 5 de maio de 2017, o Ministério da Saúde de Sanaa “declarou um estado de emergência”, segundo o CICV.

O último relatório da OMS sobre a epidemia no Iêmen é de 19 de julho de 2017, quando foram relatados 362,545 casos suspeitos, dos quais 659 foram confirmados em laboratório. Até então, 1.817 mortes foram registradas em 21 comunidades comprometidas.

Em 16 de agosto, o CICV declarou que “é suspeito que mais de 500 mil pessoas estejam doentes com cólera, enquanto que cerca de 2 mil pessoas perderam a vida por causa da doença. No momento, espera-se que o número de afetado chegue a 600 mil casos até o final de 2017.”

Iêmen, cólera, epidemia, OMS, Cruz Vermelha - Sanaa foi a capital do vice-reinado etíope até que em 570 d.C. ela foi invadida pelo império sassânida durante a expansão do Islamismo. Posteriormente, ela foi ocupada pelos turcos e transformada numa república árabe (Wikimedia)
Sanaa foi a capital do vice-reinado etíope até que em 570 d.C. ela foi invadida pelo império sassânida durante a expansão do Islamismo. Posteriormente, ela foi ocupada pelos turcos e transformada numa república árabe (Wikimedia)

A realidade excedeu as previsões e o Iêmen agora registra um milhão de casos confirmados, de acordo com o CICV. O país tem uma população de cerca de 26,8 milhões de habitantes.

O número de mortos da epidemia é de 2.227 pessoas, segundo dados divulgados pela CNN.

Em agosto, a Cruz Vermelha disse que estava tratando quase um em cinco casos de cólera no Iêmen: “Mas não é suficiente, temos que fazer mais.”