O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) anunciou na semana passada “um milhão de casos confirmados de cólera” no Iêmen.
A situação no país é tão dramática que “mais de 80% da população atualmente carece de alimentos, combustível, água potável e acesso a serviços de saúde”, de acordo com mensagens do CICV no Twitter em 22 de dezembro.
Em pouco mais de um ano, a epidemia colapsou os serviços de saúde multiplicando-se rapidamente.
“Crianças morrem nos corredores dos hospitais. Quatro enfermos se espremem no mesmo leito, é o surto devastador da cólera no Iêmen”, descreveu o CICV em outra mensagem nas redes sociais.
#Yemen today:
* 1 million suspected #cholera cases confirmed.
* More than 80% of the population now lack food, fuel, clean water, and access to healthcare.— ICRC (@ICRC) December 22, 2017
A organização humanitária relatou que os trabalhadores de saúde “estão lutando para lidar com o sistema de saúde do país dizimado por dois anos de guerra implacável”.
“No momento, apenas 45% dos hospitais estão em operação, enquanto apenas 30% dos medicamentos e suprimentos médicos necessários estão entrando no país”, afirmou a Cruz Vermelha num relatório de agosto.
De acordo com os seguintes dados da OMS, o Iêmen enfrenta um recorde mundial de epidemia de cólera:
Em 7 de outubro de 2016, o Ministério da Saúde do Iêmen documentou oficialmente 8 casos de cólera em algumas áreas da cidade de Sanaa, a antiga capital do Iêmen. Eles testaram positivo para o vibrião colérico, de acordo com a OMS.
Em 5 de maio de 2017, o Ministério da Saúde de Sanaa “declarou um estado de emergência”, segundo o CICV.
O último relatório da OMS sobre a epidemia no Iêmen é de 19 de julho de 2017, quando foram relatados 362,545 casos suspeitos, dos quais 659 foram confirmados em laboratório. Até então, 1.817 mortes foram registradas em 21 comunidades comprometidas.
Em 16 de agosto, o CICV declarou que “é suspeito que mais de 500 mil pessoas estejam doentes com cólera, enquanto que cerca de 2 mil pessoas perderam a vida por causa da doença. No momento, espera-se que o número de afetado chegue a 600 mil casos até o final de 2017.”
A realidade excedeu as previsões e o Iêmen agora registra um milhão de casos confirmados, de acordo com o CICV. O país tem uma população de cerca de 26,8 milhões de habitantes.
O número de mortos da epidemia é de 2.227 pessoas, segundo dados divulgados pela CNN.
Em agosto, a Cruz Vermelha disse que estava tratando quase um em cinco casos de cólera no Iêmen: “Mas não é suficiente, temos que fazer mais.”