DEL RIO, Texas – Vários haitianos que cruzaram para os Estados Unidos ilegalmente estão processando a administração Biden por “tratamento racista” dos aproximadamente 15.000 haitianos que se reuniram em um acampamento primitivo em Del Rio, no Texas, em setembro.
A Haitian Bridge Alliance, uma organização sem fins lucrativos com sede na Califórnia, juntou-se a 11 haitianos na ação, em 20 de dezembro, anunciou o grupo no Twitter.
A ação alega que o governo Biden maltratou os haitianos com “indiferença calculada”.
“Eles não tinham comida, água e cuidados médicos. Eles foram abusados física e verbalmente. E foram sumariamente expulsos sem a oportunidade de pedir asilo e sem levar em consideração o perigo que enfrentariam no Haiti ou no México”, acusa a ação.
O Departamento de Segurança Interna (DHS) não respondeu aos pedidos de comentários do Epoch Times.
O processo alega que o governo Biden está usando a diretiva de saúde do Título 42 contra os haitianos e outros imigrantes ilegais.
O Título 42 foi implementado em março de 2020 para ajudar a conter a pandemia da COVID-19, interrompendo viagens não essenciais na fronteira.
“Consistente com a longa história dos Estados Unidos de políticas de imigração anti-haitiana e anti-negra, a administração Biden usou o processo do Título 42 como um porrete para negar a milhares de haitianos a oportunidade de acessar o processo de asilo dos EUA”, afirma o processo.
Milhares de imigrantes ilegais, principalmente cidadãos haitianos, começaram a cruzar o Rio Grande – que divide o Texas e o México – e a se reunir sob uma ponte internacional em Del Rio, no Texas, no início de setembro.
As condições rapidamente se tornaram superlotadas e esquálidas, à medida que as forças de segurança lutavam para lidar com o fluxo avassalador.
No seu auge, a área continha cerca de 15.000 imigrantes ilegais, em sua maioria haitianos, que esperavam para serem processados pela Patrulha de Fronteira e caminhavam de um lado para outro do rio até o México, em busca de suprimentos.
Todos os haitianos com quem o Epoch Times falou na época moravam no Chile ou no Brasil há anos antes de decidirem vir para os Estados Unidos.
Todos afirmaram que não era uma opção para eles voltar ao Haiti e que estavam determinados a entrar nos Estados Unidos de uma forma ou de outra.
Muitos haviam destruído seus vistos e documentos de outros países que residiram antes de cruzarem para os Estados Unidos, como evidenciado pelos descartados documentos de identificaçãono no lado mexicano do rio. Alguns afirmaram acreditar que seria mais difícil deportá-los se descartassem seus documentos.
O campo foi esvaziado em 24 de setembro, com a maioria dos haitianos sendo libertada para os Estados Unidos para aguardar uma futura data de julgamento. Ninguém foi testado para a COVID-19.
O secretário do DHS, Alejandro Mayorkas, afirmou no dia 24 de setembro que aproximadamente 2.000 haitianos foram deportados para o Haiti em 17 voos de repatriação.
Mayorkas afirma que desde 9 de setembro, quando a crise haitiana começou a piorar, a Patrulha de Fronteira encontrou cerca de 30.000 imigrantes ilegais em Del Rio.
Destes, aproximadamente 12.400 foram liberados com uma data de tribunal ou um aviso para fazer o check-in em um escritório federal de imigração dentro de 60 dias.
Cerca de 8.000 voltaram ao México voluntariamente. Outros 5.000 estavam sendo processados para determinar se deveriam ser expulsos ou dispensados com notificação.
O processo alega que pelo menos 99 voos de expulsão para o Haiti transportando mais de 10.000 requerentes de asilo ocorreram desde meados de setembro. A Alfândega e a Proteção de Fronteiras não responderam a um pedido de confirmação desses números.
Um casal haitiano destacado no processo afirmou que veio para os Estados Unidos com seu filho de 1 ano após morar no Chile por vários anos.
“Eles nunca tiveram a oportunidade de pedir asilo ou explicar por que temiam voltar ao Haiti”, afirma o processo. O casal também alega que foram algemados durante o transporte de volta ao Haiti.
O DHS começou a restringir imigrantes ilegais para deportação enquanto os transportava, após um grupo de haitianos ultrapassar um ônibus e tentar fugir.
Em 20 de setembro, quando um ônibus cheio de haitianos percebeu que eles seriam deportados, começaram a brigar com os agentes da Patrulha de Fronteira, forçaram o ônibus a parar e fugiram.
Os oficiais do Departamento de Segurança Pública do Texas (DPS) responderam à cena e acabaram detendo todos os indivíduos.
“Quando os migrantes descobriram que seriam enviados de volta ao Haiti, eles pegaram o ônibus e fugiram”, relatou Brandon Judd, presidente do Conselho Nacional de Patrulha de Fronteira, em uma entrevista coletiva em Del Rio, no dia 22 de setembro.
“Se não fossem os homens e mulheres de uniforme, DPS, não sabemos o que teria acontecido.”
O casal haitiano no processo foi devolvido ao Haiti, e mãe e filho já viajaram para o Chile, enquanto o pai permanece no Haiti, de acordo com a ação. “Eles planejam voltar aos Estados Unidos para buscar asilo”, afirma.
O processo também destaca a unidade da patrulha de fronteira que gerou furor após várias fotos e vídeos mostrarem agentes agarrando pessoas que cruzaram ilegalmente do México.
Funcionários da Casa Branca criticaram as imagens e prometeram uma investigação, enquanto outros críticos afirmavam que os agentes da Patrulha de Fronteira estavam “chicoteando” os haitianos com suas rédeas, o que a Patrulha de Fronteira afirma ser uma técnica para evitar que as pessoas sejam pisoteadas pelo cavalo.
Posteriormente, o inspetor-geral do DHS recusou-se a iniciar a investigação.
O processo acusa altos funcionários da Casa Branca e da Segurança Interna de desenvolver uma “política de dissuasão haitiana”, que era “deliberadamente indiferente às preocupações humanitárias e focada na expulsão de requerentes de asilo haitianos o mais rápido possível”.
Em um nível político, o governo Biden tem sido tolerante com os imigrantes ilegais, inclusive por meio de mudanças políticas que permitem que a maioria seja liberada para os Estados Unidos.
Mayorkas anunciou, em 22 de maio, uma prorrogação para haitianos atualmente elegíveis ao programa de status de proteção temporária (TPS) que foi implementado após o terremoto de 2010.
Isso permitiu que haitianos que já estavam nos Estados Unidos antes do terremoto ficassem, já que seu país foi considerado inseguro para retornar. Os titulares de TPS obtêm autorizações de trabalho e são protegidos contra a deportação.
A designação original de 2010 para os haitianos foi prorrogada várias vezes até que o governo Trump anunciou, em janeiro de 2018, que terminaria em 22 de julho de 2019. Processos judiciais subsequentes permitiram que a designação continuasse em vigor.
Em 3 de agosto, Mayorkas aumentou drasticamente o número de haitianos qualificados para o programa ao anunciar que todos os haitianos que haviam chegado aos Estados Unidos até 29 de julho deste ano, agora seriam elegíveis para se candidatar ao TPS.
É difícil saber se haitianos que conseguiram residência em outro país, como Chile ou Brasil, são elegíveis para asilo nos Estados Unidos.
Os requerentes de asilo precisam provar que sofreram perseguições no passado ou têm um temor bem fundamentado de futuras perseguições em seu país de origem por causa de sua raça, religião, nacionalidade, opinião política ou pertença a um determinado grupo social.
Mas a perseguição é geralmente considerada sancionada ou tolerada pelo estado, o que significa que o governo do país de origem do estrangeiro é o patrocinador da perseguição. Por exemplo, na Coreia do Norte, o próprio regime persegue os cristãos.
A maioria dos pedidos de asilo nos Estados Unidos acaba sendo rejeitada, incluindo cerca de 90% dos pedidos de centro-americanos.
Um acúmulo de mais de 1,3 milhão de casos, com aproximadamente 610.000 pedidos de asilo pendentes, está sendo tratado por um corpo de juízes de imigração que somavam 539 em abril. A maioria dos requerentes de asilo deve esperar anos antes que seus pedidos sejam julgados.
A ação busca o fim do uso do Título 42 e da “política de dissuasão haitiana” para réus e cidadãos haitianos em geral.
Também está pedindo que os haitianos deportados sejam trazidos de volta aos Estados Unidos para solicitar asilo, bem como “mais medidas que o tribunal considerar justas, equitativas e adequadas”.
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