O governo do Haiti pediu a aliados apoio para o “envio imediato de uma força armada especializada” a fim de lidar com a grave situação que o país está enfrentando em todos os âmbitos, agravada pelo ressurgimento da cólera.
De acordo com o Diário Oficial da República do Haiti, “Le Moniteur”, o Conselho de Ministros autorizou o premiê, Ariel Henry, a “solicitar e obter” dos parceiros internacionais “apoio efetivo para o envio imediato de uma força armada especializada, em número suficiente, para pôr fim à crise humanitária em todo o país”.
Entre outros fatores, esta situação se deve, segundo o governo, à “insegurança resultante das ações criminosas de quadrilhas armadas e seus patrocinadores”.
A resolução do governo alega que a medida tem como objetivo conseguir “um rápido clima de segurança que permita uma luta eficaz contra a cólera, a distribuição de combustível e água potável em todo o país, o funcionamento dos hospitais, a retomada das atividades econômicas, a livre circulação de pessoas e bens e a reabertura de escolas”.
O Conselho de Ministros tomou a decisão ontem, em uma sessão extraordinária, “alarmado com o risco de uma grande crise humanitária devido ao súbito ressurgimento da cólera, juntamente com a deterioração acelerada da situação de segurança em todo o território nacional”.
Além disso, o bloqueio dos terminais petrolíferos por quadrilhas armadas tem “consequências catastróficas para o funcionamento dos hospitais, forçados a fechar suas portas”, e para a “disponibilidade de água potável”.
A medida também foi adotada devido à impossibilidade de alunos voltarem às escolas e às dificuldades de fornecer alimentos às cidades em um país onde ao menos 43% da população sofre de insegurança alimentar.
O Conselho de Ministros considera “imperativo” normalizar as atividades a fim de “evitar a asfixia completa da economia” e espera que “um clima propício à organização de eleições livres, transparentes e inclusivas” seja alcançado.
Durante semanas, o Haiti esteve imerso em uma aguda escassez de combustível que, além de aumentar os preços no mercado paralelo, forçou o fechamento ou suspensão de serviços hospitalares, bancos e todos os tipos de negócios, incluindo plantas de purificação de água, em um momento em que a água é necessária para evitar a propagação da cólera.
Somam-se a isso a violência das quadrilhas armadas que se expandiram na região metropolitana da capital, Porto Príncipe, causando centenas de mortes, e manifestações contra o governo marcadas por saques, especialmente após o anúncio do aumento do preço dos derivados de petróleo.
A crise social, econômica e de segurança que o Haiti vem sofrendo há anos foi agravada pelo assassinato, em julho de 2021, do então presidente, Jovenel Moise.
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