Guterres e Ban Ki-moon denunciam ressurgimento de populismo e isolacionismo

Os dois diplomatas defenderam a necessidade de "unidade" na comunidade internacional e, especificamente, entre as potências do Conselho de Segurança

12/06/2019 20:36 Atualizado: 12/06/2019 20:36

Por Agência EFE

O secretário-geral da ONU, António Guterres, e seu predecessor no cargo, Ban Ki-moon, denunciaram nesta quarta-feira (12) o ressurgimento do populismo e do isolacionismo e pediram às potências que trabalhem juntas para acabar com o sofrimento de milhões de pessoas.

Guterres e Ban Ki-moon, em uma pouco habitual aparição conjunta, discursaram diante do Conselho de Segurança das Nações Unidas em um debate sobre prevenção e mediação em conflitos.

Novamente, o diplomata coreano denunciou o crescimento em todos os continentes do “encantamento enganoso do populismo e do isolacionismo”.

Segundo Ban, é compreensível que, neste mundo complexo, alguns cidadãos busquem consolo em “narrativas simplificadas de uma era dourada do passado”, quando “sentiam que tinham o controle de seus destinos individuais e nacionais”.

“O que é profundamente irresponsável, no entanto, é que políticos (…) conspirem ou avivem deliberadamente estas ilusões para seu próprio objetivo de conseguir e manter o poder”, afirmou em uma aparente mensagem a governantes como o americano Donald Trump, que fez do retorno ao suposto grande passado dos EUA o eixo de sua campanha eleitoral.

Segundo o ex-secretário-geral da ONU, os líderes que usam essas táticas são plenamente conscientes de que “nenhum país, não importa o quão poderoso seja, vai ser capaz de responder aos problemas globais sozinho”.

Em mensagem parecida, Guterres ressaltou que há um “ressurgimento do populismo e de políticas que contribuem para o ressentimento, a marginalização e o extremismo, inclusive em sociedades que não estão em guerra”.

“Há tentativas de alguns países de dar marcha à ré em matéria de direitos humanos e aos progressos conquistados em décadas recentes em gênero e inclusão”, declarou.

Como resposta, os dois diplomatas defenderam a necessidade de “unidade” na comunidade internacional e, especificamente, entre as potências do Conselho de Segurança.

“Quando atuamos rapidamente e estamos unidos, podemos evitar com sucesso a piora de crise, salvando vidas e reduzindo o sofrimento”, destacou Guterres.

“Quando o Conselho pode cooperar e falar com uma voz comum, as suas decisões têm um impacto decisivo”, acrescentou Ban.

O coreano discursou na sessão na qualidade de membro do The Elders, um grupo de figuras públicas impulsionado originalmente por Nelson Mandela que trabalha pela paz e os direitos humanos.

Junto a ele, falou a diretora do The Elders, a ex-presidente irlandesa Mary Robinson, enquanto também esteve presente no debate, embora sem discursar, o ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos, outra personalidade que faz parte do grupo.