O presidente colombiano, Gustavo Petro, disse neste domingo (09) que está disposto a se reunir com os ex-chefes do grupo paramilitares anticomunista Autodefesas Unidas da Colômbia (AUC), que lhe enviaram uma carta no final de março pedindo uma audiência para discutir a lei que permitiu sua desmobilização.
“Os ex-chefes paramilitares que cumpriram suas penas também dizem publicamente que estão dispostos a se encontrar comigo. Acho que essa reunião deveria acontecer”, declarou Petro durante um ato por ocasião do Dia Nacional de Memória e Solidariedade às Vítimas.
As AUC se desmobilizaram em 2006 após um processo de negociação com o governo do então presidente colombiano, Álvaro Uribe.
Como parte do acordo, os ex-paramilitares aproveitaram a Lei de Justiça e Paz, que previa penas de no máximo oito anos de prisão em troca de colaboração para esclarecer crimes, mas alguns dos líderes perderam esses benefícios.
Nesse sentido, Petro assegurou neste domingo que considera necessário que o governo e os paramilitares beneficiados por esta lei “se reúnam para estabelecer, preto no branco, o que aconteceu aos bens, avaliar o que aconteceu à lei, até que ponto esta paz processo ficou truncado e se pode ser finalizado.
Tudo começou no dia 22 de março, quando Petro criticou a Lei de Justiça e Paz por acreditar que as vítimas não foram indenizadas e que os perpetradores deveriam contar a verdade ao país.
“Foi uma lei de impunidade para os narcotraficantes armados da Colômbia”, disse então o presidente, acrescentando que os paramilitares “acreditaram que estavam fazendo um negócio” ao combater a guerrilha e “talvez pensaram que estavam realmente limpando o país do que eles consideravam inferior”.
Sete dias depois, um grupo de 16 ex-chefes paramilitares, incluindo o ex-comandante das AUC Salvatore Mancuso, solicitou uma audiência com o governo para “expor em detalhes” suas contribuições “judiciais e extrajudiciais para a paz e a reconciliação colombiana”.
Na carta, afirmam que 4.902 desmobilizados das AUC foram assassinados desde 2006 e afirmam esperar que a paz total, o carro-chefe do governo Petro, signifique “o fim da violência estrutural”.
“Acreditamos que é pertinente e necessário um debate público sobre os resultados da desmobilização das Autodefesas (…) Hoje, pode-se fazer um balanço certo e objetivo, que responda ao chamado que você nos faz”, ressaltaram os ex-chefes das AUC.
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