O ministro das Relações Exteriores da Guiana, Hugh Todd, denunciou neste sábado o posicionamento militar da Venezuela próximo à sua fronteira no contexto da disputa territorial entre os dois países pela região do Essequibo.
Todd disse que as ações da Venezuela têm um “padrão duplo” porque as imagens de satélite mostram uma presença militar venezuelana crescente perto da fronteira.
“Há algumas inconsistências com base no que eles estão fazendo na frente internacional em termos de diplomacia e no que estão fazendo em casa em termos de sua postura militar”, argumentou.
O Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS), com sede nos Estados Unidos, divulgou várias imagens de satélite que revelam que a Venezuela estava expandindo sua base militar na ilha Ankoko e na área de Punta Barima, perto da Guiana.
Todd explicou que já havia transmitido suas preocupações ao seu colega venezuelano, Yvan Gil, na reunião da Comissão Conjunta do mês passado em Brasília, Brasil.
Na reunião realizada no final de janeiro, os dois países se comprometeram a continuar o diálogo sobre a disputa pela região do Essequibo e até mesmo a abordar o Acordo de Genebra de 1966.
O ministro das Relações Exteriores da Guiana também reiterou a posição da Guiana de que a Corte Internacional de Justiça (CIJ) seria o único mecanismo a ser usado para resolver a disputa e seu compromisso de chegar a uma solução pacífica.
Por outro lado, o presidente da Guiana, Irfaan Ali, anunciou nesta quinta-feira que planeja reestruturar a Força de Defesa da Guiana (GDF), investindo em equipamentos com foco em tecnologia, ativos e colaboração com países aliados.
As disputas de limites sobre o Essequibo, que ocupa dois terços do território da Guiana e que a Venezuela reivindica há mais de um século, começaram com o Laudo Arbitral de Paris de 1899, que concedeu a soberania sobre o território à então Guiana Britânica.
Décadas depois, a Venezuela declarou a sentença nula e assinou o Acordo de Genebra de 1966 com o Reino Unido, que estabeleceu uma comissão para resolver a disputa histórica, que nunca se concretizou.
A Venezuela defende o Acordo de 1966 como o instrumento legal para resolver a disputa sobre o Essequibo, uma região de selva de 160 mil quilômetros quadrados administrada pela Guiana, rica em petróleo, ouro e diamantes, entre outros minerais e pedras preciosas.
No entanto, a Guiana se baseia na sentença arbitral de 1899 e está comprometida com a resolução da disputa territorial por meio do processo da CIJ.