A guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) anunciou nesta terça-feira que não aderiu ao cessar-fogo bilateral anunciado na noite de 31 de dezembro pelo presidente da Colômbia, Gustavo Petro, ao alegar que “ainda não há acordo sobre este assunto” e que não aceitam “como acordo um decreto unilateral do governo”.
“Em várias ocasiões, indicamos que o ELN apenas cumpre o que é discutido e acordado na Mesa de Diálogo da qual participamos (em referência às negociações que estão ocorrendo em Caracas)”, afirmou o ELN em comunicado datado de 1º de janeiro e divulgado hoje pela guerrilha.
No comunicado, o ELN reitera que sua delegação para as negociações de paz “não discutiu com o governo de Gustavo Petro nenhuma proposta de cessar-fogo bilateral” e que no último ciclo de diálogos, encerrado em 12 de dezembro na capital venezuelana, ficou acordado “apenas o que foi anunciado quanto à institucionalização da Mesa” e o início dos “ajustes da agenda”.
Nesse sentido, os guerrilheiros acrescentaram que no próximo ciclo, que será realizado este mês no México, será finalizado o ajuste da agenda de negociações e, uma vez concluída esta etapa, estarão “em condições de discutir bilateralmente a proposta de cessar-fogo, examinar os termos que tornam um acordo possível”.
“Entendemos o decreto do governo como uma proposta a ser analisada no próximo ciclo”, concluiu o comunicado da guerrilha.
O ELN havia anunciado em 19 de dezembro um “cessar-fogo unilateral” que vigorou de 24 de dezembro a 2 de janeiro “para criar uma atmosfera de paz nessas datas” de Natal e Ano Novo.
Primeira resposta ao cessar fogo bilateral
O ELN é o primeiro dos cinco grupos armados ilegais incluídos por Petro no cessar-fogo bilateral a pronunciar-se sobre o anúncio feito na noite de 31 de dezembro de 2022, e que gerou entusiasmo e esperança na Colômbia, mas também foi recebido com cautela.
O cessar-fogo, que durará seis meses, até 30 de junho, será “prorrogável dependendo do andamento das negociações”, disse Petro pouco antes da meia-noite de 31 de dezembro.
Os grupos que, segundo Petro, aderiram ao cessar-fogo bilateral, além do ELN, são o Estado-Maior Central dos dissidentes das Farc, a Segunda Marquetalia, as Autodefesas Gaitanistas da Colômbia (AGC) e os paramilitares de Sierra Nevada.
Segundo informações da presidência colombiana, o cessar-fogo bilateral terá verificação nacional e internacional pela Missão de Verificação da ONU, a Missão de Apoio ao Processo de Paz da Organização dos Estados Americanos (MAPP/OEA), a Ouvidoria Pública e a Igreja Católica.
Até o momento, “não está contemplado um cessar-fogo com outras organizações”, acrescentou a presidência colombiana, mas o governo antecipou que vai rever os resultados dos processos em curso e outros cessar-fogos unilaterais para tomar decisões futuras.
Tanto a Missão de Verificação da ONU quanto a MAPP/OEA e a Igreja Católica manifestaram seu apoio ao cessar-fogo e sua disposição de colaborar.
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