A Guarda Nacional Bolivariana (GNB) invadiu na noite desta quarta-feira (2) um salão da Assembleia Nacional, o Parlamento da Venezuela, de maioria opositora ao governo do líder Nicolás Maduro, para dar início à instalação da Assembleia Nacional Constituinte.
Os soldados da GNB tomaram o salão elíptico do Palácio Federal Legislativo. Durante a invasão, o presidente do Parlamento, o opositor Julio Borges, disse que a Guarda Nacional “perdia tempo” e que a Assembleia Constituinte é “uma fraude”. Afirmou também que os deputados devem continuar trabalhando no local normalmente.
“Seguiremos ao lado do povo, e com apoio da comunidade internacional, em sessões na sede da Assembleia Nacional, pela liberdade da Venezuela”, escreveu Borges no Twitter. A oposição denuncia a Constituinte como um golpe para “consolidar a ditadura” socialista na Venezuela.
A Assembleia Nacional Constituinte foi convocada por Nicolás Maduro sem um referendo prévio e terá o poder de revogar a imunidade parlamentar e dissolver instituições do Estado que fiscalizem o governo. Constituinte é uma instância instalada na sede do Poder Legislativo nacional com poder originário, isso é, de recriar integralmente a Carta Magna ou as leis supremas do país.
Maduro empossou Jorge Arreaza como novo ministro das Relações Exteriores, em substituição a Samuel Moncada, que havia sido provisoriamente nomeado para que a então ministra Delcy Rodríguez se candidatasse à Assembleia Nacional Constituinte.
Alerta europeu
Nesta quarta-feira, a União Europeia (UE) elevou o tom contra o regime venezuelano engrossando o repúdio internacional e pedindo a “suspensão” da Constituinte.
“A UE e seus Estados-membros não podem reconhecer a Assembleia Constituinte pela preocupação quanto à efetiva representatividade e legitimidade”, declarou em nota a alta representante do bloco para a política exterior, Federica Mogherini.
Os países da União Europeia cobram de Maduro “medidas urgentes para retificar o curso dos eventos” e afirmam que “estão dispostos a intensificar a resposta caso os princípios democráticos sigam sendo minados e a Constituição venezuelana não seja respeitada”, alertaram.
“As circunstâncias na qual foi votada geram dúvidas sobre a capacidade da Assembleia Constituinte de representar de maneira efetiva todos os componentes da população venezuelana”, expressa o documento.
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