Por Agência EFE
O líder da oposição na Venezuela Juan Guaidó advertiu o presidente Nicolás Maduro que caso não haja um acordo nas negociações com o regime, iniciadas na última sexta-feira no México, o conflito no país sul-americano será intensificado.
“O que acontece se der errado? Este acordo é com a Venezuela, as garantias são para todos os venezuelanos, incluindo aqueles que apoiam Maduro hoje. Mas também precisamos dizer, responsavelmente, que se eles tentarem escapar de um acordo novamente, o conflito se aprofundará, e a pressão aumentará”, declarou Guaidó em um vídeo divulgado após assinar um memorando que marca o início do diálogo, na Cidade do México.
O ex-parlamentar também afirmou não estar interessado em mais uma negociação fracassada com o governo Maduro, como a ocorrida em Barbados, em 2019.
“Isso seria aprofundar o conflito que hoje só é comparado aos países em guerra. A Venezuela precisa atender à situação imediata, mas também recuperar nossos direitos, a possibilidade de eleger, para que os espaços de luta democrática sejam restabelecidos”, frisou o líder opositor.
Guaidó destacou também ser importante acabar com o que ele definiu como perseguição àqueles que pensam diferente, que a violência política termine e que as vítimas sejam atendidas. “A norma constitucional de direito precisa ser respeitada”, afirmou.
Para ele, do outro lado da mesa de diálogo existe uma ditadura, termo que usa frequentemente para se referir ao governo Maduro, razão pela qual acredita não seja possível chegar a um acordo apenas através da boa vontade dos opositores.
“Estou convicto de que um acerto será possível com o apoio do mundo democrático, que tem mantido um esquema de pressão e que pode ser aliviado, desde que se traduza em benefícios concretos para todos os venezuelanos” disse, referindo-se às sanções recebidas pela Venezuela.
Guaidó comemorou que pela primeira vez as negociações com o governo terão uma agenda pública, mas admitiu que o debate terá questões complexas.
Busca por soluções
Guaidó também disse que os objetivos de seu grupo na mesa de diálogo são muito claros: conseguir uma solução para o que chamou de “catástrofe nacional”, um calendário para eleições “livres e justas”, que inclua as presidenciais, e enfrentar a emergência humanitária.
Ele deseja ainda “reinstitucionalizar” o país através de poderes independentes, respeito à constituição e garantias para todos os venezuelanos.
“Meu compromisso com vocês no exercício de meus deveres e responsabilidades é que nenhum interesse particular ou de qualquer grupo deve superar as necessidades de uma nação inteira. Meu compromisso é atingir aquilo pelo qual lutamos e sacrificamos tanto, insistir na unidade, pressionar para cumprir nossos objetivos e fazê-lo com transparência”, ressaltou.
As delegações do regime e da oposição venezuelanos assinaram um memorando de entendimento na Cidade do México na sexta-feira para iniciar as negociações a serem realizadas no país da América do Norte e que também contam com chancela da Noruega e da Rússia.
No documento assinado, as partes demonstraram disposição de chegar a um acordo para chegar às condições necessárias para que os processos eleitorais previstos na Constituição sejam realizados com todas as garantias. Além disso, admitiram a necessidade da suspensão das sanções internacionais.
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