Grupo guerrilheiro ELN comanda Guarda Nacional de Maduro na fronteira com a Colômbia

Jornalista afirma que a guerrilha colombiana é tão unida à Guarda do regime de Maduro que usa todas as suas instalações

29/04/2019 21:34 Atualizado: 29/04/2019 21:34

Por Anastasia Gubin, Epoch Times

“O que faz a Guarda Nacional junto ao grupo guerrilheiro colombiano ELN, que está agindo livremente no território venezuelano?”, perguntou o jornalista César Miguel Rondón ao deputado Franklyn Duarte em 25 de abril, dada a crescente preocupação da população que vive na fronteira entre a Venezuela e a Colômbia.

No território venezuelano de Táchira, Rubio, em San Antonio, entre outras áreas, “os grupos irregulares operam sob o olhar complacente da Força Militar, que é quem cuida de nossa soberania nacional”, disse o deputado Duarte.

“Eles sabem da presença dos grupos guerrilheiros e que estão no controle: os grupos irregulares de contrabando, (os que vão) cobrar e extorquir dinheiro a fim de permitir o contrabando na fronteira com Táchira”, disse o parlamentar.

Membros da Guarda Nacional Bolivariana protegem a ponte internacional Francisco de Paula Santander, que liga Ureña, na Venezuela, e Cúcuta, na Colômbia (GEORGE CASTELLANOS / AFP / Getty Images)
Membros da Guarda Nacional Bolivariana protegem a ponte internacional Francisco de Paula Santander, que liga Ureña, na Venezuela, e Cúcuta, na Colômbia (GEORGE CASTELLANOS / AFP / Getty Images)

Com “seu silêncio”, as Forças Armadas se tornam “cúmplices”, acrescentou.

“Eles são sócios dos grupos irregulares que praticam a extorsão na fronteira porque as autoridades mais altas dos quatro componentes das forças militares da Venezuela são (General Wladimir) Padrino López (que é) estritamente responsável pela presença ou por combater os grupos irregulares mas ele não combate”, disse o deputado.

Ele também enfatizou que perguntou aos soldados qual é a razão para o silêncio e inação diante desse problema.

“Eles me responderam que ‘não temos como combater com equipamento anti-motim e gás lacrimogêneo’ porque as armas foram entregues aos grupos irregulares por ordem direta de Wladimir Padrino López”, disse o parlamentar.

Guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) patrulham uma estrada secundária em Sarare, em 27 de fevereiro de 2000 no departamento de Arauca (STR / AFP / Getty Images)
Guerrilheiros do Exército de Libertação Nacional (ELN) patrulham uma estrada secundária em Sarare, em 27 de fevereiro de 2000 no departamento de Arauca (STR / AFP / Getty Images)

Depois que o pessoal retirou armas do parque de armamentos, “os irregulares são os que carregam as armas da Guarda Nacional. Eles não têm com o que lutar, me dizem os guardas entre a hierarquia de capitães e Guardas Nacionais e do Exército”, concluiu.

Nesta semana, o ELN foi responsabilizado por ameaças e ataques tanto do lado venezuelano quanto do colombiano.

Cruzes em 1º de maio

Uma série de cruzes e iniciais do ELN pintadas de vermelho apareceram nas fachadas das casas de uma dúzia de líderes do município de Rubio, estado de Táchira, na semana passada. O fato foi relatado pela imprensa venezuelana e pelo deputado Duarte.

“Denúncia: casas em Tachira marcadas no município de Junin, e também passaram por baixo da porta um panfleto com nomes de líderes, inclusive meu nome”, escreveu Duarte em seu Twitter.

Segundo declarações da jornalista Sebastiana Barraéz ao programa Punto y Seguimos, o líder da ditadura comunista, Nicolás Maduro, está preocupado com a grande manifestação proposta pelo presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, por isso está usando o ELN para dissuadi-lo.

No panfleto, além de colocar os nomes dos líderes, eles os definem como “apátridas, traidores e inimigos públicos da revolução bolivariana que impedem o bom desempenho das políticas sociais do presidente (líder do regime ditatorial)”, segundo notícia da Notamérica.

Maduro ordena ameaçar a Colômbia

Como provável ameaça, um batalhão do Exército colombiano no departamento de Arauca, na fronteira com a Venezuela, foi atacado no último sábado pela guerrilha do ELN com explosivos, ferindo três pessoas e causando consideráveis danos materiais às instalações do cantão militar do município de Saravena, segundo informaram fontes do Ministério da Defesa da Colômbia.

O presidente Iván Duque qualificou o incidente como “um ato miserável e canalha do ELN contra o Batalhão Revéiz Pizarro”.

“Repudiamos veementemente esse ato de terror, planejado de novo a partir do território venezuelano, onde muitos dos líderes dessa organização estão protegidos pela ditadura da Venezuela”, disse o presidente em uma mensagem em vídeo compartilhada por El Heraldo.

Duque salientou que “aqui continuamos liderando a segurança, para que a justiça seja feita com os criminosos do ELN”.

A jornalista Barraéz comentou que o território colombiano de Arauca é muito permeável ao lado venezuelano. Existem áreas completamente controladas pelo ELN.

“O governo (colombiano) sabe que em toda parte a presença do ELN vem da Venezuela. Eles vivem mais seguros e mais tranquilos no território da Venezuela. Por isso, é fácil deduzir”, disse a jornalista.

Segundo César Miguel Rondón, a situação das Forças Armadas é “muito dura”, uma vez que “é prejudicada pelo narcotráfico, que resulta nessas ações terroristas”.

“O ELN está em alguns estados do país, não apenas na fronteira, mas também no estado de Bolívar, onde tem muito a ver com as ações na área de mineração.”

Membros do grupo guerrilheiro Exército de Libertação Nacional (ELN) da Colômbia nas montanhas de Perija, perto da cidade fronteiriça de Cúcuta, em 6 de dezembro de 1999 (Foto de STR / AFP / Getty Images)
Membros do grupo guerrilheiro Exército de Libertação Nacional (ELN) da Colômbia nas montanhas de Perija, perto da cidade fronteiriça de Cúcuta, em 6 de dezembro de 1999 (Foto de STR / AFP / Getty Images)

Um general morto

Em um recente acidente envolvendo um helicóptero da polícia, fora de todo protocolo, viajavam dois generais e oficiais de alta patente.

O helicóptero caiu na quinta-feira e o general Alfonso Torres Páez, comandante da 11ª Zona da Guarda Nacional, e o piloto Luis Urdaneta morreram. Outro general ficou ferido.

A aeronave caiu em uma área perto da cidade de Maracaibo, confirmou Nicolás Maduro, segundo a Ap News.

A jornalista Barraéz disse que o uso de uma aeronave da polícia demonstra o fracasso que existe dentro das Forças Armadas e o pouco cuidado. Eles vinham de uma inspeção na área após o confronto entre o ELN e o exército venezuelano no setor do Rio Catatumbo e na área ao sul do Lago Maracaibo.

Ataque do ELN em Catatumbo deixa um soldado morto e quatro feridos. Um helicóptero transporta materiais para extinguir o fogo. A guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) é responsável por esses eventos no oleoduto Cano Limón-Covenas. (Fino Patino / AFP / Getty Images)
Ataque do ELN em Catatumbo deixa um soldado morto e quatro feridos. Um helicóptero transporta materiais para extinguir o fogo. A guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN) é responsável por esses eventos no oleoduto Cano Limón-Covenas. (Fino Patino / AFP / Getty Images)

A jornalista ressalta que nessa zona em particular as forças venezuelanas trabalham em conjunto com o ELN, mas que alguns paramilitares têm combatido o grupo terrorista.

O exército encontrou um grupo guerrilheiro colombiano acampando e eles pensaram por engano que eram esses paramilitares.

Barraéz ressaltou que a guerrilha colombiana é tão unida à Guarda do regime de Maduro que usa todas as suas instalações.

“Os guerrilheiros (ELN) até usam as instalações e equipamentos para patrulhar a área.”

Forças de segurança vigiam a escola de treinamento de cadetes da polícia em Bogotá, onde a explosão de um carro-bomba pelos guerrilheiros do ELN deixou pelo menos 21 mortos e 68 feridos, em 17 de janeiro de 2019 (JUAN BARRETO / AFP / Getty Images)
Forças de segurança vigiam a escola de treinamento de cadetes da polícia em Bogotá, onde a explosão de um carro-bomba pelos guerrilheiros do ELN deixou pelo menos 21 mortos e 68 feridos, em 17 de janeiro de 2019 (JUAN BARRETO / AFP / Getty Images)

“Às vezes, esses grupos colombianos são usados como uma força de choque, neste caso, o ELN está presente há muitos anos no município de Junín de Táchira.”

A jornalista acredita que Maduro está chamando os guerrilheiros do ELN desde que os coletivos de Maduro não foram capazes de conter a oposição ao seu regime.

“Os coletivos não cumprem a tarefa e então é preciso usar o ELN”.