Grupo de Lima rejeita ‘farsa eleitoral’ de Maduro e pede ao TPI que investigue violações dos direitos humanos

Países do grupo devem agir de forma coordenada e estratégica face às próximas eleições parlamentares "fraudulentas" convocadas por Maduro

13/10/2020 22:51 Atualizado: 14/10/2020 06:14

Por Débora Alatriste

O Grupo de Lima rejeita as eleições convocadas por Maduro e recomenda que o relatório da ONU seja examinado pelo Tribunal Penal Internacional, segundo nota do grupo em 13 de outubro.

Nesta terça-feira, o Grupo de Lima teve uma reunião virtual para abordar a crise política e de saúde devido à pandemia de COVID-19 na Venezuela.

A chanceler colombiana, Claudia Blum, disse que esta reunião tem especial relevância para que o grupo se expresse “de forma inequívoca” sobre o Relatório da Missão Internacional da ONU sobre a Venezuela, publicado em 16 de setembro.

O relatório apresentava motivos razoáveis ​​para acreditar que a ditadura de Nicolás Maduro e seus ministros do Interior e da Defesa ordenaram ou contribuíram para os crimes documentados para silenciar a oposição.

“O Grupo Lima deve exortar o mundo a rejeitar esta farsa eleitoral e ignorar seus resultados, e mobilizar suas ações e esforços para que as eleições presidenciais gerais sejam convocadas com garantias, como única forma fundamental para acabar com a usurpação do poder e em todas as instituições cooptadas pelo regime”, disse Blum.

Ela assegurou ainda que os países do grupo devem agir de forma coordenada e estratégica face às próximas eleições parlamentares “fraudulentas” convocadas por Maduro.

“O Grupo de Lima (…) deve apelar aos países que continuam a oferecer legitimidade e apoio político e econômico à ditadura, a reconsiderar sua posição. Todos os Estados devem mostrar solidariedade aos milhões de vítimas venezuelanas”, disse a chanceler.

Blum acrescentou que as garantias para eleições livres e transparentes na Venezuela incluem: “um árbitro eleitoral independente, autoridades judiciais imparciais, cadernos eleitorais atualizados, segurança para os eleitores, liberdade de imprensa e garantias para o exercício plural da atividade política”.

Ele também destacou a importância da cooperação internacional para responder à crise migratória na região. O Brasil, um dos países que mais recebeu os migrantes, estima que mais de 264 mil venezuelanos entraram e permaneceram no país.

A Ministra das Relações Exteriores da Colômbia, Claudia Blum de Barberi, discursa ao final da 30ª Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), em Bogotá, em 3 de dezembro de 2019 (Raúl ARBOLEDA / AFP via Getty Images)
A Ministra das Relações Exteriores da Colômbia, Claudia Blum de Barberi, discursa ao final da 30ª Reunião de Consulta dos Ministros das Relações Exteriores do Tratado Interamericano de Assistência Recíproca (TIAR), em Bogotá, em 3 de dezembro de 2019 (Raúl ARBOLEDA / AFP via Getty Images)

No final do encontro, o grupo aprovou uma declaração assinada por 14 países para renovar seu apoio a Juan Guaidó e à Assembleia Nacional, evidenciando a “forte” rejeição à persistência de Maduro em realizar eleições parlamentares e a condenação de violações sistemáticas de direitos humanos documentados pela Missão da ONU.

No mesmo comunicado, recomendaram que o Relatório da ONU seja “objeto de exame preliminar realizado pelo Tribunal Penal Internacional”. O grupo apelou às autoridades internacionais para investigar as relações do regime de Maduro com o crime organizado, terrorismo e corrupção.

A Argentina foi um dos dois países que compareceram à reunião, mas não subscreveu à declaração, informou o Infobae.

“Não vamos endossar nenhum relatório do Grupo de Lima”, disse à imprensa uma pessoa próxima ao chanceler Felipe Solá, mas confirmou que a Argentina continuará no grupo.

O Grupo de Lima foi criado para colaborar para resolver a crise venezuelana em 2017, ano em que Maduro decidiu criar a Assembleia Nacional Constituinte e ignorar a AN. O grupo é formado por Argentina, Brasil, Costa Rica, Chile, Guatemala, Honduras, México, Panamá, Paraguai, Peru, Santa Lúcia, Colômbia, Canadá e Guiana.

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