Por Bowen Xiao, Epoch Times
Quase 350 vítimas da escravidão moderna foram resgatadas como parte de uma operação policial coordenada entre 13 países das Américas.
As incursões de combate ao tráfico de pessoas foram conduzidas pela Organização Internacional de Polícia Criminal, também conhecida como Interpol. Numa declaração na segunda-feira, 30 de abril, a organização disse que mais de 500 policiais estiveram envolvidos.
“Operações como essa mostram o poder da Interpol de fornecer uma plataforma para os 13 países participantes, mas o que está por trás desses números é a história humana”, disse o diretor-executivo de serviços policiais da Interpol, Tim Morris, num comunicado. “Seja a mãe, pai, irmão, irmã, filho ou filha de alguém, há uma história intensamente pessoal que em geral, infelizmente, é acompanhada de muito sofrimento”, acrescentou Morris.
Os policiais também prenderam 22 pessoas e apreenderam equipamentos de informática, telefones celulares, documentos de viagem e dinheiro.
As incursões seguem os comentários do presidente norte-americano Donald Trump em abril que o tráfico de pessoas atingiu níveis recordes. Ele disse que é “pior do que nunca na história do mundo”.
As vítimas, incluindo homens, mulheres e crianças, foram encontradas trabalhando em boates, fazendas, minas, fábricas e mercados ao ar livre. Alguns trabalhavam em condições extremamente apertadas. Os traficantes frequentemente visam os membros desesperados e vulneráveis da sociedade com a promessa de uma vida melhor.
“O que os traficantes não anunciam são as condições de trabalho às quais suas vítimas estarão sujeitas quando o destino final for alcançado”, disse Cem Kolcu, coordenador da unidade de tráfico de pessoas da Interpol, num comunicado. “Durante essa operação, identificamos mulheres sendo forçadas a trabalhar em espaços não maiores do que caixões, por exemplo.”
Num caso, mulheres jovens na Guiana foram descobertas trabalhando como prostitutas ao lado de minas de ouro remotas, onde a fuga era praticamente impossível. Esses locais isolados também dificultam que a polícia realize incursões, já que os criminosos geralmente têm tempo suficiente para agir e mover as vítimas de antemão.
Outro caso em São Vicente e Granadinas destaca como os traficantes mantêm o controle e poder ao confiscar os documentos de viagem das vítimas. Os “empregados” asiáticos numa fábrica tiveram seus passaportes tomados e nunca receberam qualquer salário. Eles dependiam de seus manipuladores para tudo, incluindo moradia, transporte, alimentação e necessidades básicas, de acordo com a Interpol.
“Eu fiquei preocupada quando li sobre as condições em que essas pessoas marginalizadas viviam”, disse Denise Brennan, professora da Universidade de Georgetown, à NBC News. “Essas condições podem levar os empregadores a explorar impunemente sem ninguém perceber. Pode ser uma técnica tanto para abusar quanto para intimidar.”
As vítimas foram libertadas em Antígua e Barbuda, Aruba, Barbados, Belize, Brasil, Curaçao, Guiana, Jamaica, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Trinidad e Tobago, Ilhas Turks e Caicos, e Venezuela.
A operação foi o culminar de um projeto de dois anos e meio financiado pelo Canadá.