O governo de Javier Milei fará “o impossível” no curto prazo para “evitar a catástrofe” de uma hiperinflação na Argentina, afirmou nesta terça-feira o porta-voz da presidência, Manuel Adorni.
“O objetivo é fazer o impossível no curtíssimo prazo para evitar a catástrofe. Estamos diante de uma das crises mais profundas da história e caminhamos para uma hiperinflação. A decisão é evitá-la”, declarou o porta-voz presidencial em coletiva de imprensa na Casa Rosada.
Adorni confirmou o fim da publicidade institucional na imprensa “durante um ano” e confirmou que o ministro da Economia, Luis Caputo, divulgará uma mensagem gravada às 17h (mesma hora de Brasília) com seu primeiro pacote de medidas econômicas.
Segundo o porta-voz, o anúncio terá como foco “cobrir esta emergência econômica” para tentar “evitar uma catástrofe maior”.
Adorni reiterou que os contratos e nomeações públicas feitas pelo governo anterior no último ano “estão em revisão” e acrescentou que haverá a “sanção correspondente” para os funcionários que não queiram colaborar com o Executivo.
“O Estado do tamanho de um elefante não pode continuar a existir porque do outro lado você tem pessoas que o sustentam com os seus impostos – diretos ou indiretos – que não conseguem colocar um prato de comida na mesa”, considerou.
Nesse sentido, lembrou que, a partir da Lei dos Ministérios, sancionada em 10 de dezembro, quando Milei tomou posse, as pastas ministeriais foram reduzidas de 18 para 9; as secretarias de 106 para 54; e as subsecretarias de 182 a 149, em uma redução total de 34%.
Um dos assuntos sobre os quais o porta-voz mais foi consultado durante a coletiva foram possíveis protestos de rua.
Nesse contexto, Adorni lembrou que o ajuste fiscal terá “como contrapartida a ampliação da contenção social”, já que, dada “a gravidade da situação”, “ninguém vai deixar de ajudar quem precisa”.
Sobre as manifestações e possíveis piquetes, um dos temas mais atacados pela centro-direita e pela direita na campanha eleitoral, o porta-voz lembrou o slogan popularizado tanto por Milei como pela sua antiga rival política e agora ministra da Segurança, Patricia Bullrich: “Dentro da lei, tudo; fora da lei, nada”.
“Será cumprida à risca, não haverá exceções. Uma das coisas que temos como governo é que a lei seja respeitada”, disse Adorni, frisando ainda que “a liberdade de expressão não é negociável, em qualquer área, sob qualquer circunstância e em qualquer situação”.
Os movimentos piqueteros e as forças políticas de esquerda convocaram os primeiros protestos contra os ajustes econômicos antecipados por Milei para o dia 20 de dezembro.
Essa data remonta à grave crise de 2001 na Argentina, que desencadeou um grave cenário econômico e social no país sul-americano e levou à renúncia dos presidentes Fernando de la Rúa (1999-2001) e Adolfo Rodríguez Saá (2001).