A fome e a desnutrição infantil na Venezuela estão repercutindo nos principais meios de comunicação em todo o mundo. O governo não reconhece a situação, e agora tenta fazer desaparecer os casos reais provocados pela grave crise alimentar do país.
O doutor Huníades Urbina Medina, presidente da Sociedade Venezuelana de Puericultura e Pediatria, revelou o nome de dois hospitais venezuelanos que, segundo ele, foram instruídos a proibir o diagnóstico de desnutrição “de qualquer grau em uma criança” explicou que “é por isso que o número de casos de desnutrição não é claro para nós, porque eles estão sendo omitidos”.
Ele mencionou que o Hospital Domingo Luciani e o Hospital Universitário de Maracaibo proíbem o diagnóstico de desnutrição em crianças, conforme informou a CNN.
A revelação de Medina ocorreu logo após a morte de um recém-nascido provocada pela desnutrição, quando ele adentrou sem sinais vitais a sala de emergência pediátrica do Hospital Universitário Dr. Manuel Núñez Tovar, em Maturín.
Bebé de dos meses muere por desnutrición en Maturín #19Dic https://t.co/soPAVkK35x pic.twitter.com/Vb1TZvsOyA
— NotiVenezuela (@NotiVenezuela7) December 20, 2017
Dias antes, Medina havia contado a mesma coisa ao jornal The New York Times, que preparava uma edição especial sobre a morte por desnutrição das crianças naquele país:
“As crianças chegam aos hospitais em condições de desnutrição muito sérias”, disse ele, acrescentando que os médicos estavam comparando a situação de desnutrição extrema no país com a desnutrição que é frequentemente encontrada em campos de refugiados.
Na investigação do New York Times que durou cinco meses os, médicos de 21 hospitais públicos em 17 estados do país disseram que suas salas de emergência estavam abarrotadas de crianças gravemente desnutridas.
Também revelou que 400 bebês morreram de desnutrição no ano passado. O número de mortes por desnutrição deste ano ainda são desconhecidos e fragmentados devido ao silêncio das estatísticas oficiais.
Portada del New York Times . Niños que mueren de hambre en Venezuela. pic.twitter.com/5dc9dpcN3O
— Camilo Egaña (@camilocnn) December 18, 2017
Em novembro, o Epoch Times em espanhol relatou a morte de uma menina na Pediatria do Hospital Menca de Leoni, no estado de Bolívar, ao sul do país, onde já ocorreram 41 mortes por desnutrição até agora em 2017, afirmaram médicos que não quiseram revelar suas identidades por medo de represálias do governo.
Também dispararam os casos de desnutrição em Táchira no segundo semestre, afirmou a chefe da emergência pediátrica do centro hospitalar, Alicia Pimentel.
https://twitter.com/EnkiVzla/status/943485767015378945
“Mais de 60% da população infantil na Venezuela está desnutrida”, de acordo com o Observatório Venezuelano de Saúde.
Este ano, 28 bebês morreram devido à desnutrição no estado de Monagas: “Estatísticas do hospital da capital do estado revelam que, de cada 100 crianças que ingressam no hospital, 80 têm desnutrição”, disse o advogado Mariano Albaen.
A grave escassez de alimentos e uma inflação de 700% obrigam mais e mais pessoas a buscar comida no lixo.
Os últimos dados de novembro referentes á cesta básica mostraram que houve um aumento no preço, em apenas um mês, de 40,1%, e agora a cesta custa 3.822.128,50 bolívares, ou seja, 1.094.522,13 a mais.
Entre novembro de 2016 e novembro de 2017, a cesta básica registrou uma variação anual de 903%, e para alguns alimentos a alta foi além desse número, como por exemplo as “carnes e derivados” com 1.605%; “leite, queijo e ovos” com 1.570% e “peixe” com 1.080%.
A organização humanitária Caritas Venezuela, em outubro, alertou que todas as semanas, cinco ou seis crianças perdem a vida devido à desnutrição e que, se a situação persistir, mais de 280 mil crianças poderiam sofrer o mesmo destino.
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