Por Jesús de León, Epoch Times
O Departamento do Tesouro dos Estados Unidos sancionou várias empresas e pessoas da Venezuela envolvidas em um grande esquema de corrupção destinado a aproveitar as práticas cambiais da ditadura socialista da Venezuela, gerando mais de US$ 2,4 bilhões em dinheiro sujo.
A medida tomada pela Agência de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC, na sigla em inglês ) se dirige a 7 pessoas, incluindo a ex-tesoureira da Venezuela, Claudia Patricia Díaz Guillén e Raúl Antonio Gorrín Belisario, que subornaram a Agência do Tesouro Nacional (ONT, na sigla em espanhol) para realizar operações cambiais ilícitas na Venezuela.
Além de Díaz e Gorrín, a OFAC designou ou bloqueou mais 5 indivíduos e 23 entidades, em conformidade com a Portaria 13.850, por suas funções no esquema de propinas, e identificou um avião particular como propriedade bloqueada.
“Os membros do regime venezuelano saquearam bilhões de dólares da Venezuela enquanto o povo venezuelano sofre. O Departamento do Tesouro tem como alvo esta organização de câmbio, que foi outro esquema ilícito que o regime venezuelano usou por um longo tempo para roubar seu povo”, disse o secretário do Tesouro, Steven T. Mnuchin.
“Nossas ações contra essa corrupta organização expõem outra prática deplorável que membros da ditadura venezuelana usavam para se beneficiar às custas do povo. Os Estados Unidos continuam empenhados em punir os responsáveis pelo trágico declínio da Venezuela e continuarão a usar ferramentas diplomáticas e econômicas para apoiar os esforços do povo venezuelano de restaurar sua democracia”, diz o texto da medida.
Esquema de corrupção
Esses indivíduos agora sancionados se aproveitaram de um sistema corrupto dentro da Agência do Tesouro Nacional (ONT) venezuelano, roubando bilhões de dólares do povo desde 2008, sob a supervisão de dois tesoureiros, Alejandro José Andrade Cedeño e Claudia Patricia Díaz Guillén.
Andrade foi condenado em 27 de novembro de 2018 pelo Tribunal Distrital dos Estados Unidos no Distrito Sul da Flórida a 10 anos de prisão por aceitar mais de US$ 1 bilhão em propinas por seu papel no esquema.
A principal responsabilidade da ONT é administrar as finanças públicas do governo venezuelano usando bolívares, a moeda nacional.
A ONT mantém ativos em títulos do Reino Unido, dólares norte-americanos e bolívares, cuja soma total é igual ao montante que a ONT tem disponível para gastar nas operações do regime venezuelano. Quando não havia mais bolívares suficientes para projetos do governo, Andrade usou uma série de casas de câmbio para trocar dólares por bolívares.
Como parte do esquema, as casas de câmbio venderam dólares por bolívares em mercados paralelos a uma taxa de câmbio mais alta no mercado negro do que a taxa de câmbio oficial do governo.
Essas casas de câmbio mantiveram a diferença entre a taxa do mercado negro e a taxa oficial do governo, resultando em lucros maciços para as casas de câmbio que fornecem bolívares para a ONT. Somente casas de câmbio aprovadas pelo Governo da Venezuela, especificamente a ONT, tinham a capacidade de trocar bolívares por dólares com o governo da Venezuela. Como tesoureiro nacional, Andrade e mais tarde Díaz tinham autoridade para decidir quais casas de câmbio receberiam contratos do governo.
Esses ex-funcionários e indivíduos do regime venezuelano ficaram ricos capitalizando transações cambiais favoráveis através de corretoras, escondendo seus lucros em contas bancárias e investimentos na Europa e nos Estados Unidos.
Tanto Andrade quanto Díaz, enquanto ocupavam o cargo de tesoureiros nacionais, usaram suas posições oficiais para dar a Gorrin, um proeminente empresário venezuelano, acesso às taxas de câmbio preferenciais da ONT, para maximizar os lucros das transações cambiais que se moviam através das casas de câmbio.
Enquanto Andrade foi tesoureiro nacional, ele concedeu o negócio de intercâmbio da ONT a um número limitado de indivíduos, incluindo Gorrín e Leonardo González Dellán.
Rede de corrupção
Desde o início do esquema em 2008 até o presente, bilhões de dólares em receitas corruptas geradas por esse esquema foram investidos em propriedades compradas no país e no exterior, aviões, iates, cavalos e outros bens de luxo.
Para ocultar a propriedade desses ativos, esses indivíduos usaram uma rede de entidades e estruturas corporativas.
O Tesouro identificou essas empresas e as bloqueou, já que elas eram de propriedade ou controladas pelos indivíduos mencionados acima, e também bloqueou um avião que foi identificado como propriedade.
Como resultado desta ação, todos os ativos e interesses em ativos das pessoas designadas hoje sob a jurisdição dos Estados Unidos ou em trânsito estão bloqueados, e os cidadãos norte-americanos estão proibidos de realizar negócios com elas.
As sete pessoas designadas pela medida do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos são responsáveis, cúmplices ou participaram direta ou indiretamente de transações envolvendo práticas enganosas e corrupção no governo da Venezuela ou em projetos ou programas administrados pelo governo venezuelano, ou são parentes diretos das pessoas que possuíam propriedades ou possuíam ou controlavam empresas em nome dessa pessoa.