O governo da Argentina rejeitou nesta terça-feira as últimas declarações de vários membros do governo do Reino Unido, que consideraram a soberania das Ilhas Malvinas reivindicada pela Argentina como sua, como “uma questão resolvida”.
Em um comunicado, o Ministério de Relações Exteriores, Comércio Internacional e Culto lembrou que as Nações Unidas já reconheceram em 1965 “a existência de uma disputa” entre a Argentina e o Reino Unido “com relação à soberania” do arquipélago, reiterando esse ponto em ocasiões posteriores.
Em suas declarações, o porta-voz do primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, e o ministro da Defesa do Reino Unido, Grant Shapps, consideraram a soberania britânica sobre as Malvinas e os outros territórios do Atlântico Sul reivindicados pelo país sul-americano como “estabelecida”, “inegável” e “inegociável”.
Essas declarações foram feitas horas após a eleição do libertário Javier Milei como o próximo presidente da Argentina.
Milei, que assumirá o cargo em 10 de dezembro, garantiu recentemente, durante a campanha eleitoral, que “esgotaria todas as instâncias diplomáticas para que (as ilhas) retornassem à Argentina”.
No entanto, as declarações de Milei sobre esse conflito, que está muito presente na memória coletiva de várias gerações de argentinos, não deixaram de ser polêmicas.
Em particular, seus elogios de campanha à ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher (1979-1990), chefe de governo durante a Guerra das Malvinas, causaram alvoroço.
Em seu comunicado, o departamento encarregado da diplomacia no país sul-americano insistiu na natureza inconstitucional do domínio britânico sobre as ilhas.
“(A soberania das Ilhas Malvinas) constitui um objetivo permanente e irrenunciável do povo argentino”, conclui a declaração do Ministério das Relações Exteriores, que reiterou ao Reino Unido seu “compromisso” com uma solução pacífica para o conflito e lembrou ao país europeu sua proposta de reabrir a discussão sobre o futuro das ilhas.
Nesse sentido, o secretário de Estado do Reino Unido para as Américas, David Rutley, parabenizou Milei no domingo, após sua eleição, e considerou isso “uma oportunidade” de “cooperar com os desafios globais que ambos os países enfrentam”.
A Argentina e o Reino Unido travaram uma guerra em 1982 pelas Malvinas, depois que a junta militar argentina ocupou as ilhas à força em 2 de abril daquele ano.
Durante a guerra, 255 britânicos, três habitantes das ilhas e 649 argentinos morreram.
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