O governo da Argentina considerou “horrível e decepcionante” o nível de inflação no país, de 254,2% no período de um ano e 20,6% em janeiro, mas acredita que está no caminho certo para evitar “uma catástrofe”, disse nesta quinta-feira o porta-voz da presidência, Manuel Adorni.
“É um número absolutamente horrível e decepcionante. Está claro que é um número absolutamente louco para a inflação no mundo. Mas o que ele representa é o resultado de uma desaceleração dos índices inflacionários”, argumentou o porta-voz em sua habitual entrevista coletiva diária.
Adorni falou sobre a “herança recebida” do governo do peronista Alberto Fernández (2019-2023), quando, de acordo com os números divulgados pelo porta-voz, “a inflação estava correndo a uma taxa de 1,2% ao dia, o que significava que estávamos vivendo uma hiperinflação”.
O porta-voz reiterou o grave problema apresentado pelo “imposto inflacionário que está conosco há 21 anos, não há 70 dias”, fazendo alusão à série de governos peronistas encabeçados por Néstor Kirchner (2003-2007), Cristina Kirchner (2007-2015) e Alberto Fernández (2019-2023), com o parêntese do liderado pelo centro-direitista Mauricio Macri (2015-2019).
Por essa razão, Adorni destacou que o governo está ciente de que esses meses são muito complicados e delicados e que não pode comemorar uma taxa de inflação de 20,6%, mas acrescentou que se está no caminho certo e que não há como voltar atrás no plano traçado pelo presidente do país, Javier Milei.
“Está claro que isso é parte de um esforço que todos nós estamos fazendo e que o presidente Milei não veio aqui para agradar ninguém, mas para resolver os problemas da Argentina”, destacou.
O porta-voz ressaltou que a inflação é o imposto mais regressivo porque, segundo ele, atinge mais os que têm menos, de modo que uma pessoa com menos recursos sofre mais com a inflação do que alguém com mais recursos.
“Se há uma coisa que não é igual para todos, são as questões inflacionárias”, acrescentou.
O Índice de Preços ao Consumidor (IPC) ficou em 254,2% no período de um ano em janeiro, a maior taxa desde abril de 1991, informou o Instituto Nacional de Estatísticas e Censos na quarta-feira.
Em relação a dezembro do ano passado, a inflação subiu 20,6%, mostrando uma moderação em comparação com a taxa de 25,5% no último mês de 2023.
Naquele mês, marcado pela posse de Milei em 10 de dezembro, a inflação havia saltado acentuadamente como resultado da desvalorização de 50% do peso argentino ordenada pelo novo governo e sua decisão de liberar os preços “reprimidos” na economia.