As negociações que os dirigentes dos caminhoneiros e o governo do Chile retomaram nesta sexta-feira (25) para encerrar uma paralisação que já dura cinco dias terminaram sem acordo devido às denúncias relacionadas com a Lei de Segurança do Estado apresentadas pelo Executivo.
“O governo não vai aceitar condições nos termos de impedir o governo de usar legitimamente todas as faculdades que o Estado de Direito lhe confere para garantir a livre circulação do país”, afirmou o subsecretário de Interior, Manuel Monsalve, no Palácio de La Moneda.
“Temos procurado responder às reivindicações razoáveis que estão por trás do movimento, mas chegou o momento de os dirigentes tomarem a decisão de acabar com a greve”, acrescentou.
Horas antes, depois de deixar a mesa de negociações, o presidente da Associação de Proprietários de Caminhões de Los Angeles (Asoducam) e representante dos caminhoneiros do sul, Freddy Martínez, explicou que colocaram “uma condição” para realizar protestos pacíficos e que esta era que não houvesse denúncias contra os líderes, “mas infelizmente o subsecretário de Interior nos comunicou que isso não era possível”.
Por sua vez, o presidente da Confederação dos Caminhoneiros de Fuerza del Norte, Cristián Sandoval, garantiu que “a mobilização continua” e que “responsabiliza o governo por qualquer eventualidade que possa ocorrer”.
A greve, à qual não aderiu uma parte do sindicato, começou na segunda-feira motivada pelo aumento do preço dos combustíveis e pela insegurança nas estradas.
Monsalve informou que o governo apresentou 31 denúncias sob a Lei de Segurança do Estado em oito regiões do país e, até o momento, há 12 pessoas detidas no âmbito das mobilizações.
Além disso, indicou que existem 30 postos de abastecimento sem acesso a combustível no norte do país e outros 55 com problemas de fornecimento.
Segundo dados do governo, são 58 pontos em diferentes rotas onde há presença de caminhoneiros e cerca de 1.700 caminhões.
Durante sua visita ao México, o presidente chileno, Gabriel Boric, disse na quinta-feira que a greve “afeta a vida de chilenos e chilenas e não é contra o governo, é contra a população”.
O governante chileno também afirmou que instruiu os ministros a usar “todos os instrumentos da lei” para garantir o funcionamento do país e “proteger os setores mais vulneráveis”.
O ministro do Interior, Manuel Monsalve, também pediu ontem aos caminhoneiros que “cuidem do país” e exigiu que “saiam das estradas” que foram bloqueadas.
O governo chileno apresentou na quarta-feira as primeiras 13 denúncias invocando a Lei de Segurança do Estado, de um total de 27 elaboradas e enviadas.
Os caminhoneiros, grupo que tem enorme poder de influência no Chile desde que o transporte ferroviário foi abandonado, realizaram vários protestos até agora este ano contra a falta de segurança nas rodovias. As mobilizações do transporte no Chile têm um impacto grande e direto em sua economia, já que não há alternativa ao trânsito terrestre.
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