O governo da Argentina negou nesta segunda-feira (04) que o fechamento da agência de notícias estatal “Télam” seja “parte de uma ditadura” e explicou que a decisão foi tomada em resposta a uma promessa feita pelo presidente, Javier Milei, durante sua campanha eleitoral, ao anunciar um plano futuro para a empresa.
De acordo com o porta-voz da presidência, Manuel Adorni, em sua habitual entrevista coletiva na Casa Rosada (sede do governo), o fechamento do veículo de comunicação “não faz parte de uma ditadura”, ao ser questionado nesses termos sobre as primeiras medidas tomadas pelo Executivo para encerrar a agência: o cerceamento de seus escritórios pela polícia e o bloqueio de seu site.
Além disso, os funcionários receberam uma notificação de madrugada informando que seriam “dispensados” do trabalho por sete dias, mas que receberiam os salários por aquela semana.
“Isso não tem nada a ver com pluralismo de informações ou veículos, nem com questões relacionadas à liberdade de imprensa. É apenas para cumprir o que o presidente prometeu em sua campanha. Agora o presidente deu a ordem para implementá-la. Não há muito mais a acrescentar”, disse o porta-voz.
Adorni disse que a “Télam” acumulou prejuízos de 20 bilhões de pesos neste ano (cerca de US$ 24 milhões pela taxa de câmbio oficial atual) e que nesta semana será conhecido “o plano que o governo está elaborando” para o fechamento da empresa “e o destino de seus trabalhadores”.
Além disso, explicou que “as equipes técnicas estão analisando as diferentes alternativas”, portanto, não poderia responder se o fechamento da agência estatal “é uma questão que deve ou não passar pelo Congresso”.
Como mostrou a conta oficial da assembleia de trabalhadores (Somos Télam) na rede social X, a porta da agência foi cercada à meia-noite de domingo, enquanto representantes do sindicato assistiam a essa operação, o que descreveram como um “ataque à liberdade de expressão”.
Adorni comentou que, com esse dispositivo policial, provavelmente o objetivo era “evitar qualquer confusão e manter a segurança e a garantia de que não há ninguém que não precise estar lá”.
Nesta segunda-feira, o site da agência mostra o brasão nacional e a legenda “página em reconstrução”.
Todos os veículos de comunicação nacionais e internacionais credenciados para a entrevista coletiva desta segunda-feira fizeram alusão ao fechamento da agência fundada em 1945, que tem 700 funcionários e que foi assumida pelo governo em 5 de fevereiro, como os outros veículos de comunicação estatais, e assinaram um manifesto em apoio aos seus funcionários.