O governo da Argentina classificou nesta quarta-feira como “irresponsável” deixar 35 mil pessoas sem poder viajar, em referência à greve de 24 horas que os sindicatos da aviação estão realizando para exigir melhores salários.
“Isso não é nada mais e nada menos do que a irresponsabilidade de um grupo que acredita que vive em outros tempos. Eles deixaram 35 mil pessoas impossibilitadas de viajar, ou seja, 35 mil pessoas que perderam talvez uma oportunidade de emprego, férias ou qualquer outra oportunidade, e nós lamentamos muito”, disse o porta-voz da presidência, Manuel Adorni, em sua entrevista coletiva diária.
A Associação de Pessoal Aeronáutico (APA) de rampa e pista, a Associação de Pilotos de Linha Aérea (APLA) e a União de Pessoal Superior e Profissional de Empresas Aerocomerciais (UPSA) adotaram essa medida depois de rejeitarem uma oferta salarial de Aerolineas Argentinas e Intercargo durante as negociações.
Diante disso, Adorni disse que “há aqueles que entendem a situação pela qual o país está passando” e citou as companhias aéreas FlyBondi e American Airlines, que estão operando normalmente.
O porta-voz comentou que, por ordem da ministra da Segurança, Patricia Bullrich, a Polícia de Segurança Aeroportuária (PSA) dispersou “um grupo de (manifestantes) violentos que queriam bloquear o acesso ao Aeroparque (Jorge Newbery, em Buenos Aires) e a livre circulação foi garantida em todos os aeroportos do país”.
A Argentina registrou uma taxa de inflação no período de um ano de 254,2% em janeiro, com taxas mensais de 12,8% em novembro, 25,5% em dezembro e 20,6% em janeiro, e os salários estão perdendo poder de compra diante da alta inflação, apesar de as negociações salariais estarem ocorrendo mensalmente.
A companhia aérea Aerolíneas Argentinas cancelou hoje 331 voos como resultado da greve, que, segundo estimativas, afetará cerca de 24 mil passageiros, dos quais 18 mil são de voos domésticos, 3 mil de destinos regionais e outros 3 mil de internacionais.
Os sindicatos falam de “intransigência” por parte das empresas no comunicado que anuncia a greve, da qual deram, segundo eles, aviso prévio suficiente para que ambas as empresas aéreas locais pudessem tomar as medidas adequadas para evitar afetar os usuários.
A companhia low cost Flybondi opera nesta quarta-feira apenas a partir do aeroporto internacional de Ezeiza, na província de Buenos Aires, porque tem seus próprios serviços, mas os demais aeroportos tiveram que ajustar seus voos. Por sua vez, os voos da American Airlines decolaram e aterrissaram normalmente.