O governo da Argentina vai colaborar com a Justiça, se solicitado, na investigação da denúncia por suposta violência física e assédio contra o ex-presidente Alberto Fernández, apresentada na terça-feira pela ex-primeira-dama Fabiola Yáñez, confirmaram nesta quarta fontes oficiais.
“Claro que vamos colaborar com a Justiça, vamos contribuir com tudo o que a Justiça nos pedir e com o que podemos contribuir”, afirmou o porta-voz presidencial, Manuel Adorni, na sua habitual entrevista coletiva na Casa Rosada, sede do governo, ao ser abordado sobre o assunto.
O porta-voz qualificou de “lamentável, triste e constrangedor” o episódio da denúncia que envolve o ex-presidente e manifestou a posição do governo de Javier Milei de lamentar “qualquer ato de violência, seja este se a Justiça o determinar, ou qualquer outro”.
“Não há muito a dizer, apelando para que a Justiça atue de maneira mais rápida possível e, se houver algum culpado, que vá para a prisão”, afirmou.
A Argentina assiste ao pior momento de Alberto Fernández, denunciado ontem por violência violência física e assédio por Yáñez, quase oito meses após sua saída da presidência do país depois de quatro anos no cargo.
Depois das inúmeras críticas recebidas por sua gestão, especialmente de seu sucessor, pela “herança recebida”, e pelo escândalo desencadeado em 2020 pelo vazamento de fotos da comemoração do aniversário de Yáñez com amigos na residência presidencial enquanto o país vivia em pleno confinamento, o político peronista enfrenta agora um capítulo muito mais sombrio.
“É um momento muito desagradável” foi a breve declaração do antigo chefe de gabinete entre 2003 e 2008, nos governos do já falecido ex-presidente Néstor Kirchner (2003-2007) e de sua mulher, Cristina Kirchner (2007-2015), quando consultado pela Agência EFE assim que a notícia foi conhecida.
Mais tarde, em um comunicado divulgado em suas redes sociais, disse que “a verdade dos fatos é outra” e que a única coisa que ia comentar é “que é falso e que nunca aconteceu” o que acusa sua ex-esposa.
“Pela integridade dos meus filhos, minha e também da própria Fabiola, não vou fazer declarações à imprensa, mas vou fornecer as provas e testemunhos à Justiça que mostrarão o que realmente aconteceu”, acrescentou o ex-presidente em uma breve mensagem.
Fernández, que permanece em sua casa no bairro de Puerto Madero e não foi visto após saber da notícia, foi denunciado criminalmente pela mãe de seu filho caçula, Francisco, de 2 anos, por violência física e assédio.
A denúncia surge após a Justiça argentina, como parte de uma investigação sobre um suposto tráfico de influência do ex-mandatário, ter encontrado mensagens em junho que revelavam abuso físico por parte do então presidente.
Depois de Fabiola Yáñez ter renunciado, há semanas, iniciar uma ação penal contra Fernández, a ex-primeira-dama mudou de ideia ontem por “estar sofrendo o que definiu como ‘terrorismo psicológico’ por parte” do ex-presidente, que, supostamente, a submeteu a “assédio telefônico, diariamente”.
Segundo a ordem do juiz federal Julián Ercolini, Fernández está proibido de sair da Argentina e de se aproximar de Yáñez, atualmente residente em Madri, ou de contatá-la por qualquer meio “que signifique uma interferência injustificada”.