O chefe da organização militar mais poderosa da Coreia do Norte está sendo punido depois que um órgão militar importante foi submetido ao escrutínio do regime de Kim Jong-un, segundo revelou uma agência de espionagem da Coreia do Sul na segunda-feira (20).
A medida está sendo interpretada por alguns como uma tentativa de Kim de garantir que a elite política permaneça sob controle, enquanto o país se prepara para impactos mais profundos das sanções impostas pelo Conselho de Segurança da ONU.
O Serviço Nacional de Inteligência da Coreia do Sul (NIS) observou que essa rara inspeção do Bureau Político Geral do Exército Norte-coreano foi provocada pela preocupação com uma “atitude impura” e levou à punição de funcionários do alto escalão.
É a primeira vez em duas décadas que o Bureau Político Geral é inspecionado, informou a agência de notícias sul-coreana Yonhap.
Hwang Pyong-so dirige o escritório e muitas vezes foi chamado de a segunda pessoa mais poderosa da Coreia do Norte, o chefe político das Forças Armadas da Coreia do Norte. De acordo com o NIS, ele agora está sendo submetido a uma forma de punição desconhecida.
Soldados norte-coreanos participam de um desfile militar na Praça Kim Il-sung, em Pyongyang, em 10 de outubro de 2015 (ED JONES/AFP/Getty Images)Hwang é também vice-marechal do Exército Popular da Coreia do Norte e um dos cinco membros do Presidium Politburo do Partido dos Trabalhadores da Coreia, órgão decisório mais poderoso da Coreia do Norte.
Hwang tem sido um dos colaboradores mais próximos de Kim desde 2011 e começou a trabalhar junto ao ditador norte-coreano em 2007, antes de Kim assumir o controle do regime norte-coreano, de acordo com 38North, um associado da North Korea Leadership Watch (NKLW).
“Entre 2011 e 2014, Hwang Pyong-so foi um dos mais estreitos colaboradores de Kim Jong-un, servindo como guardião e representante do líder supremo junto a várias organizações-chave na comunidade de segurança nacional da República Popular Democrática da Coreia”, segundo informou a NKLW.
Em seu cargo anterior, Hwang atuou como elemento crucial de ligação entre Kim e várias organizações de segurança. Foi promovido a sua atual posição em abril de 2014.
De acordo com o representante sul-coreano Kim Byung-kee do Partido Democrata, atualmente no poder, o NIS ainda está tentando determinar a natureza exata da punição.
“Estamos analisando a situação e reunindo informações sobre a punição”, citando o NIS.
O segundo sob comando de Hwang, o vice-chefe Kim Won-hong, também está sendo punido.
De acordo com o relatório, a inspeção do escritório foi realizada por seu ex-chefe, Choe Ryong Hae, agora vice-presidente do Comitê Central do Partido dos Trabalhadores do Norte, atualmente no poder.
Choe também foi alvo de denúncias de punição em 2015, e alguns relatórios dizem que foi enviado para trabalhar em uma mina para sua reeducação ideológica.
Hwang substituiu Choe como chefe político do exército em 2014, mas os relatórios indicam que foi Choe quem investigou a suposta “impureza” de Hwang.
Choe foi rebaixado, mas retornou ao cenário público, provocando especulações de que Kim estaria tentando criar conflito entre altos funcionários em seu regime como forma de evitar uma cooperação que atuasse contra ele.
O escritório que Choe liderou, e que agora é liderado por Hwang, desempenha um papel essencial na Coreia do Norte e influencia todo o regime através da gestão de cargos cruciais em outros órgãos militares, como o Ministério das Forças Armadas Populares.
Quem o controla tem o poder de influenciar a lealdade das forças armadas colocando aliados em posições importantes.
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