A Cúpula do G20, que reúne as 19 maiores economias do mundo e a União Europeia, teve início nesta segunda-feira (18) no Rio de Janeiro, com a postura de Javier Milei, presidente da Argentina, já gerando impacto nas discussões.
Conhecido por suas críticas ao globalismo e às instituições multilaterais, Milei está reorientando a política externa argentina em um novo rumo.
Durante a cúpula, a Argentina se destacou como o único país do G20 a não apoiar a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, a principal iniciativa do governo brasileiro no evento. Com mais de 80 países aderindo à proposta, a decisão de Milei reforçou a divergência do país em relação a ação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Além disso, nas reuniões prévias, a Argentina foi o único dos 19 países a se recusar a assinar dois documentos importantes sobre “igualdade de gênero” e “desenvolvimento sustentável”, pilares da Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas (ONU), recentemente atualizada para Pacto 2045.
Em defesa de sua posição, Milei argumentou que a agenda globalista “avança contra as liberdades individuais” e reiterou suas críticas às políticas climáticas ao ordenar a retirada da delegação argentina da COP29, marcada para ocorrer em Baku, no Azerbaijão.
As negociações para a declaração final do G20 enfrentam ainda outros impasses, como as divergências sobre os conflitos na Ucrânia e na Faixa de Gaza.
Enquanto Estados Unidos, Argentina e países europeus defendem uma condenação à invasão russa, Moscou resiste. Ao mesmo tempo, países do Sul Global exigem uma condenação a Israel pelas ações militares em Gaza, o que é bloqueado pelos EUA.
Em setembro, durante a Assembleia Geral da ONU, Milei reafirmou sua postura, dizendo: “A Argentina não acompanhará políticas que restrinjam as liberdades individuais”.
Milei, que chegou ao Brasil na tarde desta segunda-feira (18), permanecerá no Rio até terça-feira (19) para participar da Cúpula.
No entanto, foi um dos poucos líderes que não solicitou uma reunião bilateral com o presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com o Itamaraty, “quase todos os outros líderes pediram uma reunião com Lula”.
Em julho deste ano, durante a reunião do Mercosul, Milei esteve no Brasil, mas não participou da agenda oficial e não comunicou sua visita a Santa Catarina à diplomacia brasileira.