O furacão Oscar deixou um rastro de destruição em Cuba, provocando seis mortes e o pior apagão desde o furacão Ian, em 2022. Desde que atingiu o território cubano na última sexta-feira (18), milhões de pessoas permanecem sem eletricidade, aprofundando a crise que forçou o regime comunista a declarar “emergência energética”.
Embora o ministro da Energia, Vicente de la O Levy, tenha previsto que o fornecimento seria restabelecido até a manhã de terça-feira (22), a meta não foi cumprida.
Na noite de segunda-feira, apenas 36% dos 10 milhões de habitantes tinham acesso à luz.
Regiões severamente afetadas, como San Antonio del Sur e Imías, continuam isoladas e sem serviços essenciais, exigindo operações de resgate conduzidas pelas Forças Armadas, enquanto postes e telhados arrancados pela tempestade evidenciam o tamanho dos danos.
A central termelétrica Antonio Guiteras, peça-chave no sistema energético cubano, entrou em colapso, intensificando a crise e forçando o governo a adotar medidas de contenção.
Escolas e universidades foram fechadas, parte do setor público teve suas operações suspensas e serviços não essenciais foram cancelados para reduzir a demanda de energia.
Em Havana, ponto mais turístico, a maior parte dos 2 milhões de habitantes teve a energia restabelecida, trazendo certo alívio após dias de escuridão.
Disputa de narrativas sobre a crise econômica
A crise energética e a precariedade da infraestrutura reacenderam o embate político. O governo regime e seus aliados responsabilizam o embargo comercial imposto pelos Estados Unidos há 62 anos pelas dificuldades econômicas do país.
No entanto, a secretária de imprensa da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, rebateu a narrativa cubana na segunda-feira (21). “A má gestão a longo prazo da política económica e dos recursos do governo cubano aumentou certamente as dificuldades das pessoas em Cuba”, afirmou.
Após os protestos contra o apagão, que também deixou muitos moradores sem água e gás devido à interrupção no fornecimento de energia, o ditador cubano Miguel Díaz-Canel ameaçou reprimir a situação com severidade.
“Aqueles que tentarem causar perturbações da ordem pública e participarem de atos de vandalismo serão processados com o rigor das leis revolucionárias”, declarou Diaz, usando um uniforme militar verde, durante uma reunião do Conselho de Defesa Nacional transmitida pela TV estatal.
Segundo ele, alguns “atuam sob as orientações enviadas pelos operadores da contrarrevolução cubana do exterior”.