A França viveu a terceira noite consecutiva de graves distúrbios em muitas partes do país, com ao menos 250 policiais feridos, 875 prisões, um terço delas de menores, 492 prédios públicos atacados e 2 mil veículos incendiados. Os protestos violentos na França pela morte do jovem Nahel M.., de 17 anos, que na última terça-feira, ao volante de um carro, foi baleado pela polícia ao fugir de uma fiscalização de trânsito, levaram a uma onda de cancelamentos de shows e reservas de hotéis e fizeram o governo reduzir alguns serviços de transporte público.
Em uma reunião extraordinária realizada nesta sexta-feira (30), o Ministro do Interior da França, Gérald Darmanin, decidiu estender as restrições nacionais a ônibus e bondes, que não poderão funcionar a partir das 21h (16h em Brasília) até a manhã seguinte.
A venda de fogos de artifício, morteiros, galões de gasolina, ácidos e outros produtos inflamáveis e químicos também foi temporariamente proibida.
O principal sindicato dos empregadores de hotéis e restaurantes (UMIH) advertiu em comunicado que uma onda de cancelamentos de reservas de hotéis havia sido detectada em reação aos distúrbios.
Para evitar tais episódios, a primeira-ministra francesa, Élisabeth Borne, anunciou o envio de veículos blindados da polícia, sem especificar quantos.
A morte de Nahel, que será enterrado amanhã na cidade de Nanterre – onde ele morava e morreu – chocou grande parte do país e foi fortemente condenada pela esquerda e pelos movimentos sociais como um ato de racismo (ele era descendente de argelinos).
O governo francês, que também condenou a morte do jovem, pediu o cancelamento de grandes eventos culturais e festivos no país.
Shows da cantora francófona Mylène Farmer programados para o Stade de France hoje à noite e amanhã não serão realizados, assim como outro grande evento musical, o festival FNAC Live Paris.
Os tradicionais festivais de verão das escolas francesas na populosa região de Paris também foram adiados ou cancelados. Em Marselha, as autoridades proibiram qualquer tipo de manifestação de protesto no centro da cidade hoje à noite.
O governo francês quer evitar a todo custo que se repitam, com a morte de Nahel, os atos de vandalismo cujas imagens deram volta ao mundo no final de 2005, quando uma onda de violência eclodiu depois que dois adolescentes que fugiam da polícia foram eletrocutados até a morte nos subúrbios de Paris.
O presidente francês, Emmanuel Macron, que descartou a possibilidade de decretar estado de emergência por enquanto, chamou a violência de “injustificável” e pediu aos pais que sejam “responsáveis” para que seus filhos não participem dos tumultos.
Macron justificou esse apelo ressaltando que um terço das pessoas presas nos tumultos são menores de idade. Ele também pediu que as plataformas que gerenciam as redes sociais assumam sua parcela de responsabilidade e ajudem a identificar os organizadores dos tumultos ou aqueles que defendem a v.
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